As garotas de Ipanema sabem na ponta da língua qual o biscoito mais vendido na orla carioca. É o mesmo que os meninos do Rio consomem nas arquibancadas do Maracanã. Os Biscoitos Globo são uma unanimidade entre banhistas e torcedores. Um sucesso, vendido há 45 anos na capital fluminense, que esfarela todas as teses da economia globalizada. O produto é local e deve continuar assim por muito tempo. ?Já tive ofertas para abrir franquia, mas não quero expandir. Minha preocupação é só com a qualidade?, afirma Milton Ponce, sócio da Panificação Mandarino, fabricante dos biscoitos.

A produção média diária é de nove mil sacos de 30 gramas. Nem no verão, quando as areias fervem de gente, a rotina dos dois fornos da panificadora muda. ?Não consigo atender a demanda. Mas prefiro que falte biscoito a oferecer um produto ruim?, afirma Ponce. Os biscoitos chegam aos consumidores por meio de um exército de vendedores ambulantes. Essa logística informal é a responsável por mais de 90% da distribuição. A Mandarim também vende no atacado cerca de dois mil quilos por mês para cem padarias. Nesse caso, o produto perde o nome e passa a ser vendido a peso. Os dois negócios rendem um faturamento diário em torno de R$ 2,5 mil.