Evolução. Disrupção. Revolução. Inovação. Quatro palavras que, nos últimos anos, ganharam as páginas dos capítulos mais importantes da vida das corporações em todo o mundo. Carregados de valores, os termos não saem da boca de líderes e equipes dos cinco continentes, unidos em busca do objetivo que move o mundo corporativo desde os primórdios da humanidade: alavancar resultados.

Para isso, milhões de empresas, dos mais diversos portes e segmentos, apostam suas fichas em inovação e tecnologia, como uma forma de criar um ecossistema de metamorfose digital por meio de práticas inovadoras. Uma análise do panorama global, com base no estudo “Caminhos para a Capacitação Digital”, realizado pela consultoria e corretora Willis Towers Watson, mostra que mais do que uma buzzword, a modernização dos processos analíticos e operacionais já é uma realidade. Os números falam por si: três em cada quatro organizações estão desenvolvendo novas capacidades digitais, e quanto mais as empresas mergulham nesses processos, mais facilmente percebem que há estágios diferentes dentro dessa jornada.

O levantamento realizado com mais de mil organizações em mais de 40 países apontou também que é possível afirmar que as companhias mais antenadas tomam à frente na corrida pela liderança. O cenário é claro: empresas mais maduras digitalmente conquistam melhores resultados. Tal matemática relativamente simples é, ao mesmo tempo, complexa, já que estamos falando daquela sequência numérica chamada algoritmo.

Ela pode parecer simples como 2 + 2 = 4, mas é um pouco mais confuso para muitos líderes que ainda estão relutantes e não compreenderam que ter uma estratégia digital é quase uma garantia de resultados acima do esperado. Segundo o estudo, enquanto dois terços das empresas veem na digitalização um método para impulsionar estratégias de negócios e oferecer a melhor experiência possível ao consumidor, apenas uma em cada seis dispõe de uma estratégia digital e de negócios integrada para criar novas fontes digitais na cadeia organizacional.  Como assegurar bons resultados num universo corporativo cada vez mais voraz e tecnológico?

Não é possível assegurar bons índices se ainda há tantas empresas reativas às mudanças e desalinhadas com as estratégias de negócios. Sem uma liderança eficaz no que tange ao senso de urgência em colocar em prática processos inovadores para dar sustentação às ambições digitais, o caminho se torna ainda mais desafiador.

Também podemos notar que, hoje, dentre os principais desafios, está o de encontrar um gestor diferenciado, com um faro mais aguçado e uma dose extra de senso crítico, para identificar os estágios da empresa dentro dessa jornada digital e usar ferramentas corretas para atingir metas. É preciso contar com um líder preparado para desenvolver novas capacidades digitais – independentemente dos métodos escolhidos – e que consiga orquestrar a equipe no mesmo tom, integrando talento humano e inovação na mesma canção.

Se uma organização me perguntasse como fazer para se posicionar diante desse novo contexto de mercado e, mais do que isso, permanecer à frente da concorrência, eu a aconselharia a ter no comando do time uma liderança preparada para desenvolver uma cultura digital alinhada à estratégia de negócios, partindo do entendimento da necessidade organizacional e definindo o novo modelo de trabalho, o perfil das pessoas e as principais habilidades a se ter “em casa”. Esses líderes deverão ser capazes de combinar inovação e capacitação digital na gestão dos negócios. Só assim a organização poderá competir de igual para igual em seu mercado e buscar diferenciação através da agilidade de respostas perante os demais competidores.

A pesquisa mostra que 80% das organizações no Brasil consideram que inovações são necessárias na liderança, na gestão do desempenho e nos programas de reconhecimento de uma forma geral. Esses dados demonstram que, além do novo perfil de liderança requerido, os processos de capital humano deverão passar por transformações estruturais o quanto antes, como forma de dar conta das profundas mudanças ocorridas em função desse novo mundo digital.

Em suma, para alcançar sucesso nesse novo ciclo digital, não bastam os altos investimentos em tecnologia de ponta. É fundamental que os processos de capital humano da organização estejam preparados para absorver tamanha transformação. Afinal, não se trata da substituição de pessoas por máquinas, mas, sim, da busca pela harmonização da tecnologia e da automação com os talentos da sua organização.

* Glaucy Bocci é Diretora de Gestão de Talentos da Willis Towers Watson para a América Latina