A Interchange é uma sobrevivente.
Seu negócio é fazer, através de uma
infra-estrutura tecnológica própria, a troca de grandes volumes de documentos entre empresas e seus fornecedores. Esse modelo gerou bons negócios até a ascensão da internet. Com a chegada da rede, a Interchange esteve à beira do abismo. Acreditava-se que todas as transações entre empresas seriam virtuais. A Interchange se manteve no mesmo lugar – e a teimosia parece ter dado resultado. A companhia recuperou o fôlego e sobreviveu ao furacão. A previsão não se concretizou e a Interchange reconquistou o mercado. ?Os números provam que, de patinho feio, não temos nada?, diz Roberto Zabeo, presidente da Interchange.

Nos últimos três anos, o número de clientes da empresa saltou de 22 mil para 50 mil. Uma das inovações foi a adoção de um sistema batizado de ?Pedido Perfeito?. Com esse recurso qualquer cliente pode encomendar um produto aos fornecedores através da rede da Interchange, que funciona como um localizador do melhor preço. Produto encontrado, o negócio é fechado e toda a liquidação financeira é concluída sem a presença de outros papéis. Parte da recuperação também deve-se a uma mudança de rota com maior dedicação aos clientes do segmento de pequenas e médias empresas. O resultado? Crescimento de 50% do faturamento. A companhia mudou a forma de cobrança. A tecnologia da Interchange era inviável para essa fatia de mercado por sua complexidade e custo. Era um produto exclusivo das grandes marcas. ?Não adianta ter o Pão de Açúcar como cliente se não consigo conectá-lo aos pequenos fornecedores?, explica Zabeo.

Por ano, a companhia supervisiona 2,5 bilhões de transações que geram uma receita anual de R$ 68 milhões. Para os pequenos, a solução foi criar uma tecnologia on demand, ou seja: o cliente só paga o que usa. Hoje são 38 mil empresas utilizando essas vantagens. A chegada de Zabeo, em 1999, foi essencial para que a empresa fizesse as pazes com o mercado. O executivo cresceu bem no centro da chamada ?Velha Economia?, com passagens por Souza Cruz, Philip Morris e Kimberly Clark. Seu perfil nada tem a ver com as extravagâncias que, na época, acompanhavam o mundo da internet. O início de sua gestão foi conturbado: aqueles que duvidavam do futuro da Interchange foram demitidos. Quem ficou passou a seguir à risca a nova doutrina da empresa.