Há uma unânime conclusão entre analistas sobre a queda da indústria em agosto. Tratou-se, segundo eles, de mero soluço e em nada irá comprometer a rota de recuperação. Decerto, o “ajuste” de 0,8% verificado no período teve motivos meramente sazonais. E já era esperado. Na avaliação detalhada por segmento, a produção de bens de capital, por exemplo, teve alta de 0,5%. E, por motivos óbvios, essa variável é mais importante do que todo o resto porque demonstra cabalmente a retomada dos investimentos em diversas áreas. O pequeno, mas consistente, indicador significou o quinto avanço consecutivo da atividade.

De uma maneira geral, a produção “vai muito bem, obrigado”, com sinais alvissareiros. A melhora é lenta, gradual e firme. A aposta de um PIB na casa de 2% até o final do ano continua de pé. Olhando para algumas das principais categorias da atividade industrial, além de bens de capital (que está indo de vento em popa, especialmente na área agrícola), é importante notar que segmentos como o de veículos automotores tiveram um incremento muito além das expectativas mais otimistas. Para 2017, após uma longa paralisação das vendas, a previsão é fechar com crescimento de 17%. Só para efeito de comparação: em 2015 a queda ficou perto de 26%.

Nesse arco de retomada ampara-se a impressão de que a temporada recessiva ficou mesmo para trás. A Fenabrave, a associação que diligencia as vendas do setor, informou que em setembro último ocorreu um incremento da ordem de 24,5% no movimento. Como resumiu uma consultoria de investimentos, olhando por dentro dos 0,8% de recuo em agosto, o retrato é bem melhor que o dado agregado. Do total de 24 ramos avaliados para se chegar ao número final, 16 deles cravaram índices positivos. A queda foi puxada por fortes recuos em alguns poucos segmentos, de menor relevância no conjunto, como a indústria extrativa, que caiu 1,2% ante julho por fatores pontuais.

O que anima e amplia a garantia de uma trajetória de expansão são os projetos em andamento. A indústria está reforçando sua capacidade instalada. As horas trabalhadas das equipes de produção também subiram, segundo aponta a CNI. O aumento das encomendas de Natal é, em parte, responsável por essa tendência. O varejo já espera ter o melhor movimento dos últimos quatro anos. O segmento de eletrônicos registrou crescimento de pedidos da ordem de 20,4%. O fôlego industrial, aos trancos e barrancos, vai mesmo ganhando força.

(Nota publicada na Edição 1039 da Revista Dinheiro)