A prisão do ex-presidente e líder petista, Luiz Inácio Lula da Silva, tira do mercado e do setor produtivo um fator de instabilidade importante. Inevitavelmente entre investidores e empresários corria o temor com as propostas extremistas que o até então líder nas pesquisas eleitorais pregava para uma eventual candidatura. Revisão da reforma trabalhista, abandono do projeto da previdência, sem contar as promessas populistas que implicariam em mais gastos desamparados de receitas correspondentes estavam a agitar as apostas sobre o futuro do País.

O risco de um estouro ainda maior das contas públicas no caso de um governo petista era, a tomar por sua plataforma de intenções, substancialmente superior ao dos demais candidatos. Nesse contexto, existiam dúvidas inclusive sobre a sustentabilidade do crescimento econômico, da retomada do PIB e do controle de indicadores monetários como inflação e câmbio. A rota que vinha sendo seguida até aqui, que aos poucos e a duras penas está provocando a geração de empregos, a retomada das vendas e a volta da estabilidade, poderia ter fôlego curto e acabar logo adiante – até as eleições – se vingasse a opção Lula. Essa ameaça está agora descartada.

O demiurgo de Garanhuns, além de ficha suja, inelegível, deve ficar atrás das grades, de onde terá pouco poder de influência no tabuleiro da sucessão que se arma. Sua participação ou não no jogo era o fiel da balança. Com ele, poucos empreendedores acreditavam na continuidade da recuperação. Sem ele, as chances aumentam consideravelmente. Desde que o Supremo Tribunal Federal (STF) negou o habeas corpus preventivo solicitado por ele e esgotou as chances de apelação, o mercado reagiu positivamente. O Ibovespa, antes mesmo da prisão, na quinta-feira, 5, fechou em alta de 1% e seguiu com viés de alta no dia seguinte. Dólar caía. As ações de empresas estatais especialmente, como as do Banco do Brasil, Petrobras, e Eletrobras, valorizaram significativamente.

No volume total, a bolsa acumulou alta em um único dia de mais de R$ 4 bilhões.
E não é para menos. Nos últimos tempos Lula havia regredido a um papel que adotou na origem sindical, quando era tido como “o sapo barbudo” que amedrontava o chão de fábrica. O Lula radical tentou por três vezes as eleições no passado e só conseguiu vencer quando mudou o figurino, tornando-se mais palatável ao setor produtivo. Desta feita, Lula estava na dianteira mesmo sem contar com o apoio empresarial, devido em parte à tibieza das opções de candidaturas de centro. Para o mercado era um temor crescente que deixou de existir.

(Nota publicada na Edição 1064 da Revista Dinheiro)