Durante seus 39 anos de funcionamento, o Playcenter, parque de diversões localizado na Barra Funda, na zona oeste de São Paulo, viveu altos e baixos como o movimento de uma montanha-russa, uma de suas principais atrações. Na semana passada, o parque, fundado pelo empresário boliviano Marcelo Gutglas, parece ter sofrido uma nova queda. A direção do empreendimento anunciou que irá fechá-lo no dia 29 de julho. Mas não se trata do fim definitivo do Playcenter. Mais uma vez, Gutglas vai tentar reerguer o parque, que faz parte da memória afetiva da cidade de São Paulo. Seu plano é reabri-lo em 2013, após uma reforma, com atrações para toda a família. Muito diferente do Playcenter que fez fama com brinquedos radicais bem ao gosto dos adolescentes. 

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Roda-viva: o empresário Marcelo Gutglas (à esq.) e seu enteado Roger Ely apostam, agora, no modelo

de parque temático para famílias.

 

Do terreno alugado de 85 mil metros quadrados, o novo Playcenter ocupará metade do espaço. “Queremos ser os melhores e ter o tamanho certo,” disse Gutglas à DINHEIRO, em agosto de 2010. A decisão de abandonar os brinquedos radicais acontece após um acidente no parque de diversão Hopi Hari, em Vinhedo, interior de São Paulo, ter matado a adolescente Gabriela Nishimura, no mês passado. “Casos como esse afetam a credibilidade do setor”, Francisco Donatiello, presidente da Associação das Empresas de Parques de Diversão do Brasil. A transformação do Playcenter, atualmente comandado por Roger Ely, enteado de Gutglas, custará R$ 40 milhões. A empresa não divulgou detalhes, nem quais serão os parceiros nessa empreitada. 

 

Sabe-se que o cartunista e empresário Mauricio de Sousa consta na lista de possíveis interessados. Criador da Turma da Mônica, ele poderia ocupar o espaço temático que será implantado em uma área do Playcenter. No ano passado, Sousa, que chegou a manter uma programação especial com seus personagens no Playcenter, anunciou que o Parque do Cebolinha, com inauguração prevista para 2013, ficaria na zona oeste de São Paulo e numa área aberta. Descrição que muito se assemelha à do Playcenter. Em comunicado, a Mauricio de Sousa Produções afirmou que o cartunista “tem conversado com diversos empresários de todo o País.” A tentativa de reinventar o Playcenter é mais um desafio para Gutglas. “Ele já sobreviveu à instabilidade da economia e à mudança de gerações”, afirma Donatiello. 

 

Sob a administração de Gutglas, o Playcenter tem recebido, em média, 1,5 milhão de visitantes por ano. Apesar disso, já viveu momentos de penúria, como em 2003, quando registrou apenas 30 pagantes em um dia. Parte dos problemas foi decorrente da ambição expansionista do empresário. Em 2000, Gutglas lançou o Hopi Hari. No esforço para construí-lo, o Playcenter acumulou dívidas de R$ 111 milhões e vendeu seu controle ao GP Investimen­tos. O empresário, então, concentrou-se em seu negócio original, recomprando a parte da GP. “A saída para o setor no Brasil é criar polos de diversão, como os parques da Disney”, afirma Alain Baldacci, presidente do Sistema Integra­do de Parques e Atrações Turísticas. 

 

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