A Praça da Revolução, no centro histórico da capital cubana Havana, preserva uma imensa estrutura com o rosto do guerrilheiro argentino Ernesto Rafael Guevara de la Serna, mais conhecido como Che Guevara. A imagem é um dos símbolos maiores da política que domina a ilha caribenha há mais de seis décadas, desde que Fidel Castro (1926-2016) tomou à força o poder em 1959. O tributo a Guevara deve ficar lá ainda por muito tempo. Apesar do anúncio, na última semana, de que Raúl Castro, irmão de Fidel, vai pendurar as chuteiras, não haverá mudanças econômicas no regime atual. “Enquanto viver, estarei com o pé no estribo para defender o socialismo”, disse.

Ainda nas palavras do líder, seguirá “militando como mais um combatente disposto a dar minha modesta contribuição até o final da vida”, afirmou. “Acredito fervorosamente na força e no valor do exemplo e na compreensão de meus compatriotas.”

O próximo a assumir o comando de Cuba é Miguel Díaz-Canel, homem de confiança de Castro e conhecido por ser, em um linguajar popular, um comunista-raiz. Segundo Castro, ele é um grande conhecedor de assuntos econômicos e defensor de uma abertura econômica controlada pelo Estado.

AFP

Ao anunciar a aposentadoria, Raúl Castro atribuiu as mais recentes dificuldades econômicas aos tropeços nas relações com os Estados Unidos, principalmente em função da piora no diálogo durante a gestão de Donald Trump.

Diante dessas colocações, mesmo saindo de cena e mostrando interesse em dialogar, o socialismo seguirá ditando o ritmo da música em Cuba. E não existe sinais concretos de qualquer mudança de regime político-econômico no horizonte.

Ainda que o mundo, muito distinto do deixado pelos heróis socialistas que forjaram a ilha, não exista mais.