Essa é mais uma medida de Brasília para tornar viável a captação de US$ 58 bilhões pela estatal. Os acionistas que decidirem trocar os magros 3% ao ano do FGTS pelas ações  vão comprar um papel que vem sendo visto com reservas. No primeiro semestre, as ações PN da estatal recuaram 25,7%. No primeiro pregão de julho, a baixa foi de quase 2%.
 

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José Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobras
 

A desvalorização das ações da estatal presidida por José Sérgio Gabrielli decorre de vários motivos, entre eles a indefinição dos termos da cessão onerosa de alguns poços de petróleo do pré-sal (a Petrobras terá de pagar à União para explorar o óleo). Em menor escala, a queda do petróleo no mercado internacional também preocupa.

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“O desempenho da Petrobras deve ficar abaixo do da média do mercado”, diz Max Bueno, da corretora Spinelli. Para ele, o medo dos investidores é de que a companhia perca sua classificação de risco – algo que foi descartado no curto prazo pelas agências de rating. Além de contar com o FGTS, a Petrobras agora tem de convencer outro tipo de investidor, mais abonado – e muito, muito mais arredio.

Destaque no pregão

As grandezas da oferta do BB

A capitalização do Banco do Brasil, encerrada na última quarta-feira 30, foi marcada por alguns grandes números. A oferta levantou R$ 9,7 bilhões e apresentou pelo menos uma grande coincidência. O preço final da colocação, R$ 24,65 por ação, foi rigorosamente igual à cotação de fechamento do dia 30 de junho, data marcada para o fim da operação.

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Os investidores que participaram da capitalização tiveram bons motivos para sorrir logo no dia seguinte: no pregão de 1º de julho, as ações fecharam com alta de 6%, o melhor desempenho entre os bancos. Nada mal para um papel que havia retrocedido mais de 7% nos três pregões que antecederam a oferta.

Palavra do analista

A maioria dos bancos e corretoras participou da operação do BB, o que impede que os analistas comentem abertamente o negócio. Anonimamente, eles falam mais. “Não há uma explicação técnica razoável para tamanha oscilação dos preços”, diz o analista de um banco de investimentos que participou da oferta. “Os papéis do BB vinham caindo e todos os bancos subiram naquele pregão, mas não é um exagero dizer que a alta surpreendeu até mesmo os profissionais de mercado.”

Quem vem lá

A segunda (e mais modesta) chance da Renova Energia

A Renova Energia retomou a oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) que havia sido suspensa em março. Suas units, que são certificados que incluem ações de tipos diferentes, deverão ser negociadas a partir de 13 de julho. As reservas podem ser feitas até o dia 8. Na segunda tentativa de entrar na bolsa, a empresa reduziu a oferta inicial de 25,72 milhões para 10 milhões de units. Também diminuiu o preço por papel para um intervalo entre R$ 15 e R$ 17, abaixo dos R$ 19 a R$ 25 anteriores. Com base no novo preço-teto estimado, a operação poderá atingir R$ 229,5 milhões.

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Fique de olho:  caso o preço por unit seja de até R$ 15, o Santander, um dos coordenadores, se comprometeu a comprar até R$ 75 milhões. E o Fundo de Investimento em Participação Caixa Ambiental (FIP Ambiental) se dispôs a subscrever R$ 70 milhões.

 

Infraestrutura

Eike compra Eike

A empresa de estaleiros OSX, de Eike Batista, encontrou uma maneira de driblar a ausência de liberação ambiental para construir suas instalações em Santa Catarina. A companhia está negociando com a LLX, também de Eike Batista, um espaço no Porto do Açu, no Rio de Janeiro. Eike dribla as dificuldades aproveitando as sinergias do Grupo EBX. Em uma teleconferência com analistas de mercado, a OSX afirma que ainda espera obter a tão sonhada liberação ambiental. Mas, enquanto o alvará não sai, ele vai vendendo seus negócios para as empresas dele mesmo.
 

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Educação financeira

O consultor financeiro Marcelo Piazza, autor de dois livros sobre investimentos, acaba de publicar sua terceira obra voltada à educação dos investidores: Ganhe mais investindo em opções, lançado em junho pela editora Saraiva. O livro tem 176 páginas e custa R$ 34,90.

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Touro x urso

O primeiro semestre de 2010 foi muito mais conturbado do que a maioria dos gestores esperava – eventos como a crise na Europa não estavam na agenda – e o Ibovespa encerrou os seis primeiros meses do ano em queda de 11%. A segunda metade do ano, portanto, começou cheia de dúvidas. Dados ruins do mercado de trabalho e imobiliário nos Estados Unidos colocaram em xeque a recuperação americana. E um ritmo menor de crescimento na China também pode desagradar ao mercado. No entanto, alguns profissionais estão otimistas. “Eu acho que o Ibovespa tem tudo para subir até o final do ano”, avalia Bruno Lembi, da M2 Investimentos. A temporada de balanços nos Estados Unidos começa no dia 12 de julho com os números da Alcoa e pode trazer um novo gás para as bolsas.

 

Altas da semana

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Baixas da semana

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As 10 mais Negociadas do Ibovespa

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Desempenho das empresas por setor de atividade econômica

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Termômetro do mercado

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Bolsa no mundo

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Saneamento

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Mario Sampaio, superintendente de RI da Sabesp

“Vamos Investir R$ 1,7 bilhão ao ano”

A Sabesp assinou um acordo de prestação de serviços pelos próximos 30 anos com o governo paulista e a Prefeitura de São Paulo para fornecer água, captar esgotos e expandir a rede. Para a Sabesp, essa garantia deve melhorar a classificação de risco e baixar o custo dos empréstimos, diz Mario Sampaio, superintendente de relações com investidores.

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DINHEIRO – De que maneira o contrato vai ajudar a Sabesp?
SAMPAIO – 
Na captação de recursos. A percepção do risco financeiro deve melhorar. Quanto menor o risco, melhores as condições para obter crédito.

DINHEIRO – Por quê?
SAMPAIO –
 Para as agências de classificação de risco, o contrato com o principal mercado assegura a previsibilidade de fluxo de caixa. Antes havia incerteza com relação ao caixa, agora esse contrato vai entrar nos relatórios.

DINHEIRO – Os investimentos não são feitos com recursos públicos?
SAMPAIO – 
Qualquer financiamento público se caracteriza como despesa e não investimento, o que limita a exposição do governo. Estamos transformando dívida em títulos, como debêntures, que podem ser direcionados para todo o plano de investimento da companhia.

DINHEIRO – Qual é esse plano?
SAMPAIO –
 Elevar para R$ 1,7 bilhão a média anual de investimento até 2013. Estes recursos serão utilizados para melhorar a coleta de esgoto da Sabesp. Hoje coletamos 80% e tratamos 74%. Até 2018, elevaremos para 90% a coleta em todos os municípios com tratamento de 90%. Outro projeto é melhorar a eficiência da perda de água e diminuir de 25,7% para 14% no mesmo período.

DINHEIRO – Outras captações serão realizadas?
SAMPAIO –
 Sim, mais para o refinanciamento e alongamento da dívida. As dívidas estão concentradas em quatro a cinco anos. São R$ 800 milhões em média por ano. Preferencialmente faremos captações via debêntures.

DINHEIRO – O passivo da Sabesprev, fundo de pensão dos funcionários, está equilibrado?
SAMPAIO – 
Trocamos o plano de benefício definido pelo de contribuição definida. Há um passivo, parte dele será absorvido pela Sabesp e isso já está provisionado no balanço. É um valor importante, mas não é preocupante. O desembolso deve ocorrer em breve.

DINHEIRO – A ação está perto do preço máximo em um ano. A valorização chegou ao topo?
SAMPAIO –
 Esse desempenho é resultado do que mostramos na crise. O investidor já estava animado com os planos de investimento mesmo antes da assinatura do contrato, tanto que a ação está melhor do que as de  muitas outras empresas.

Pelo mundo

Tesla acelera em Wall Street

A montadora de carros elétricos Tesla estreou na Bolsa de Nova York na terça-feira 29. Foi a primeira abertura de capital de uma montadora em Wall Street desde 1956. A fabricante do Roadster, movido a eletricidade, vendeu 13,3 milhões de ações, número 20% maior do que o inicialmente previsto. Com preço de US$ 17 por papel, a companhia captou US$ 226 milhões. No dia da estreia, as ações subiram 40% em Wall Street.
 

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O maior IPO do mundo

Teve início na quarta-feira 30 a oferta de opções de compra de ações do Banco Agrícola da China (AgBank), que poderá  levantar  até US$ 23 bilhões. Caso isso ocorra, será a maior operação do mundo. No ano passado, o banco anunciou lucro de US$ 9,6 bilhões, 23% mais alto do que em 2008.

 

Siemens quer banco  próprio

A alemã Siemens anunciou na segunda-feira 28 que quer criar seu próprio banco. Ela já pediu autorização à BaFin, entidade reguladora do mercado em seu país. A companhia presidida por Joe Kaeser informou também que o resultado do terceiro trimestre deverá ser positivo, graças às melhores receitas nas principais unidades de negócio.
 

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