Uma avalanche de sacolas da Kopenhagen inunda corredores de shoppings e centros urbanos em datas comerciais. Maior operação do grupo CRM, que também controla a Chocolates Brasil Cacau e a Kop Koffee, a aparição antecipada das bolsas vermelhas no início de dezembro confirmou as perspectivas de alavancar em 50% as vendas da marca para o varejo neste Natal na comparação com 2019. É o gran finale de um ano expansionista para a companhia, que aumentou em 12% a rede de franqueados, chegando às atuais 900 lojas, e faturou R$ 1,7 bilhão, 35% a mais do que o registrado antes da pandemia.

+ Stellantis quase fora da crise
+ FedEx amplia o poder de entrega no Brasil

O potencial de crescimento que a empresa vê no País justifica as 130 novas lojas previstas para o ano que vem e a projeção de elevar os resultados em 30%. A CEO Renata Vichi credita o bom momento aos esforços em consolidar o status do chocolate ao de item presenteável.

Ela lembra que os investimentos em embalagens e em inovação de produto puxam vendas em categorias como panetone, que pode custar até R$ 150 na Kopenhagen. “As sazonalidades impulsionam nossa participação de mercado, e o fim de ano já quase se equipara à Páscoa em faturamento hoje”, disse a executiva à DINHEIRO, pontuando que o dominical feriado cristão representa cerca de 30% da receita bruta no ano. “Para este Natal, usamos nossa base de dados para orientar os pedidos dos varejistas e ter mais assertividade.”

O lançamento do aplicativo Kopenhagen no começo do mês fortalece a agenda digital, outro pilar da expansão do grupo CRM, cuja participação de 20% no faturamento anual retroalimenta o varejo físico. O e-commerce e as vendas das plataformas de entrega no último ano foram fundamentais para sustentar a ambição da companhia e garantir aos franqueados uma generosa fatia dos R$ 11 bilhões das vendas de chocolates em 2020, alta de 2,4% em relação ao ano anterior, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas.

Luprezia

A uma semana do Natal, a empresa já dá como certas suas projeções para o ano, baseadas na pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas que previa a injeção de R$ 60 bilhões no comércio. Além do salto da Kopenhagen, a estimativa para as vendas natalinas da Chocolates Brasil Cacau era de alta de 40% ante 2019. “A rede de lojas nos deu capilaridade, e a presença digital nos tornou mais acessíveis”, afirmou Renata. Mesmo com as lojas fechadas às vésperas das últimas duas Páscoas, o movimento assegurou resultados recordes, com a venda de 95% dos estoques dos franqueados no ano passado e de 98%, em 2021.

LACUNA A maior recorrência de compra durante o período, associada ao avanço de dez pontos em lembrança de marca da Kopenhagen entre os consumidores, conforme pesquisa interna, agradam o fundo de private equity Advent, que assumiu o controle acionário do CRM em outubro de 2020. Neste ano, as 48 novas lojas em regiões onde o grupo não atuava ajudaram a cobrir a lacuna da operação no mercado nacional. Para 2022, a expansão se dividirá em 70% para fortalecimento do parque atual e 30% para abertura de frentes no território nacional.

A Kopenhagen representará 77% das inaugurações, enquanto a Chocolates Brasil Cacau terá os 23% restantes. Responsável por efetivar as vendas geradas on-line, os franqueados ajudam a reduzir os principais atritos dessa expansão: a taxa de frete (hoje em R$ 15) e o prazo de entrega (de até três horas). “Estamos nos espelhando nos apps de delivery para atrair o cliente para nossas plataformas”, disse a CEO. “Queremos entregar em até 40 minutos, então precisamos integrar estoques e mobilizar todo o parque de lojas.”

Mas nem mesmo neste segmento o negócio é de todo doce. O consumo da cafeteria em lojas Kopenhagen e da bandeira Kop Koffee, lançada em 2019, foi marginal à expansão dos últimos dois anos. O fluxo corporativo, que mantinha a operação, só alcançou o patamar de antes da pandemia em outubro deste ano, enquanto as vendas das linhas de chocolates ultrapassaram o patamar de dois anos atrás em 40%. A indústria ainda sofreu pressão inflacionária de 15% sobre os custos, impactada pela alta do câmbio e dos commodities. “Repassamos 7% ao consumidor final e seguramos as margens aumentando a eficiência na cadeia”, afirmou Renata.