Por muitas décadas, montadoras e distribuidoras de veículos conviveram pacificamente. As relações entre os dois elos da cadeia automotiva funcionavam basicamente assim: a indústria controlava o processo de produção e as concessionárias respondiam pelos serviços aos consumidores, da venda até a manutenção dos carros. Mas as transformações econômicas dos anos 90 mudaram tudo. O poder das montadoras aumentou demasiadamente e as distribuidoras temem agora o sério risco de desaparecer. Esse perigo iminente levou a Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) a realizar o primeiro e mais revelador retrato da situação vivida pelo setor, obtido com exclusividade pela DINHEIRO. Desenvolvido pelos pesquisadores Glauco Arbix e João Paulo Cândia Veiga, o estudo ?A Distribuição de Veículos sob Fogo Cruzado? servirá de base para uma verdadeira guerra que começa a se anunciar. Em duas semanas, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) deve aprovar o pedido de investigação de denúncia contra Fiat, Ford, General Motors e Volkswagen por práticas anticoncorrenciais em relação aos distribuidores. Ainda este mês, também deverá sair a decisão do Congresso Nacional sobre a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para averiguar a formação de cartel. O pedido conta com a adesão de 189 deputados federais, contra as 171 assinaturas exigidas.