Que o Corolla é o carro mais vendido do mundo as estatísticas estão aí para confirmar. Mas nem mesmo os executivos da Toyota poderiam prever que haveria fila de espera para o novo modelo da marca. O fenômeno está acontecendo no Brasil. Num mercado em franca recessão, no qual as montadoras do País têm de inventar uma promoção diferente a cada fim de semana para diminuir os estoques, cerca de 5,5 mil pessoas já assinaram o cheque para ter o novo Corolla na garagem. E mais: algumas pessoas estão dispostas a esperar até dois meses pelo carro. ?Brad Pitt, o garoto-propaganda da marca, deu sim um empurrãozinho nas vendas?, confirma Luiz Carlos de Andrade Júnior, diretor da Toyota do Brasil. ?Mas o novo design foi decisivo para o sucesso comercial. Antes o carro era bem aceito por um público mais velho. Agora é objeto de desejo também entre os jovens.? Até julho deste ano, o Corolla vendia 600 unidades ao mês. A partir daí, quando o ator entrou na tela apresentando as novas curvas do automóvel, os pedidos chegaram a 2,6 mil unidades. A média se mantém até hoje e coloca o carro na liderança de sua categoria, à frente do tradicional Astra, da GM e do Honda Civic.

 

A boa fase também teve uma ajuda indireta do governo. Com a recente redução de IPI para o segmento de carros médios, no qual se encaixa o Corolla, a Toyota pôde repassar parte do benefício ao consumidor. Foi essa combinação de marketing agressivo, design, preço e tecnologia de ponta que resultou na explosão de encomendas. Essa procura toda obrigou a montadora a organizar um novo turno para a fábrica de Indaiatuba em fevereiro do próximo ano. A medida deve dobrar a produção da Toyota no Brasil em pouco tempo. ?Mais 330 funcionários estão em treinamento?, afirma Andrade. Enquanto isso, para a fila de espera não aumentar mais, a Toyota achou melhor tirar o galã Brad Pitt da televisão e evitar uma espera maior, que pudesse frustrar as expectativas dos consumidores. A campanha só deve voltar ao ar no primeiro semestre de 2003 ? para a alegria do público feminino.

 

Fica a pergunta: o que fazer com tanto carro depois que a demanda estabilizar? ?Em agosto do ano que vem, esses carros e suas peças já devem seguir para outros mercados da América Latina e Caribe, que hoje são atendidos pela matriz no Japão?, explica o executivo. As exportações estão entre as prioridades da companhia. Para isso, ela já havia investido U$ 300 milhões na subsidiária brasileira. Com o sucesso do novo Corolla, Andrade acredita que a Toyota teve seu ?batismo? no Brasil. ?Provamos nossa capacidade de gerir novos projetos por aqui?, diz ele. Analistas que acompanham o setor concordam com Andrade. Segundo o professor Mauro Zilbovicius, da Universidade de São Paulo, a estratégia da montadora no Brasil foi muito bem-sucedida. ?A Toyota instalou aqui uma fábrica pequena, que não precisou de grandes investimentos. Como o Corolla teve apenas uma atualização, não exigiu novos aportes. Com isso, o retorno já está garantido.? Brad Pitt, ao que parece, abriu um atalho para a Toyota conquistar rapidamente os 3% de participação de mercado que ela tanto deseja no País. Agora, eles só esperam que o mesmo sucesso se repita com o Fielder, o próximo lançamento da montadora japonesa. O protótipo deste carro, que é do tipo station wagon, foi apresentado ao público durante o Salão do Automóvel este ano. Só não conseguiu chamar mais atenção do que o galã de Hollywood, mas também foi sensação entre os consumidores.