Em geral, os períodos de crise podem ser considerados nebulosos para muitas empresas. As vendas caem e as incertezas costumam deixar os membros da diretoria de cabelos em pé. Mas, para as companhias brasileiras capitalizadas, as incertezas vividas pelas economias dos Estados Unidos e da Europa se transformaram em boas oportunidades de investimento. Endividadas e com dificuldades de gerar caixa, muitas corporações estrangeiras estão se tornando presas fáceis para as brasileiras, que dispõe de recursos em caixa ou capacidade de levantar empréstimos na rede bancária. A petroquímica Braskem e a Marfrig, da área de alimentos, são exemplos de brasileiras que foram às compras. 

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Atropelando concorrentes: com a aquisição, Dan Ioschpe vai dobrar o tamanho de sua companhia

A mais recente tacada nesse campo foi dada pela gaúcha Iochpe-Maxion, fabricante de rodas e peças para veículos e vagões ferroviários. Na quarta-feira 5, a companhia do empresário Ivoncy Ioschpe anunciou a aquisição da americana Hayes Lemmerz, a maior potência mundial do segmento de rodas do mundo, pela qual pagou US$ 725 milhões. A negociação se arrastou por um ano. O mercado brasileiro reagiu bem ao negócio. Na quinta-feira 6, as ações da Iochpe-Maxion subiram 14%, para R$ 19,50. “É uma compra de participação de mercado e não para diversificar negócios”, diz Marco Saravalle, analista da corretora Coinvalores. A transação, quando consolidada, permitirá que a Iochpe-Maxion dobre de tamanho. Em receita, as duas  empresas tiveram resultados similares no primeiro semestre de 2011, na casa dos US$ 890 milhões.  

Por atuar no mesmo segmento, o negócio será submetido à análise dos órgãos de defesa de concorrência nos países onde ambas possuem operações. A tacada consolida uma estratégia definida pela diretoria da Iochpe-Maxion há mais de uma década, de concentrar as apostas no setor de autopeças, após a venda de outras divisões, como tratores agrícolas, celulose, banco, seguros e informática. Em 1997, Dan Ioschpe, filho de Ivoncy,  assumiu a presidência do grupo com o desafio de reverter as perdas que a companhia amargava. Os números mostram que tem conseguido. A empresa opera há cinco anos no azul e, em 2010, sua receita líquida atingiu R$ 2,2 bilhões. Com a compra da Hayes Lemmerz,  o grupo gaúcho ampliará de cinco para 22  o total de fábricas de rodas de aço e alumínio, com bases espalhadas por 11 países, entre os quais México e Índia, além dos EUA. 

 

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