A falta de planejamento do uso da terra está colocando o planeta em uma encruzilhada. De um lado, o rápido aquecimento da temperatura global ameaça a vida de homens, fauna e flora no modelo que a conhecemos hoje, conforme o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

De outro, estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU) apontam que a produção agropecuária terá de crescer 70% até 2050 para atender uma população que deve ultrapassar 9 bilhões de pessoas. Para solucionar dois problemas, duas soluções. A primeira é a manutenção de florestas e da biodiversidade. A segunda é aumentar a área de produção de alimentos.

Nessa guerra, a floresta está perdendo. Segundo a organização Our World in Data, de 1700 a 2018 a área de floresta no mundo caiu de 52% para 38%. Já a de pastoreio para a pecuária subiu de 6% para 31%, e a de plantações, de 3% para 15%. Mas o mundo é um só e sem florestas, a temperatura sobe, o ciclo de águas é alterado e lavouras são dizimadas.

Com o andar da carruagem e sem o diálogo entre campo e ambientalistas, o dilema deve terminar sem ninguém para contar o que aconteceu.

Evandro Rodrigues

(Nota publicada na edição 1280 da Revista Dinheiro)