No início de dezembro, o australiano Philip Alston, relator especial para extrema pobreza e direitos humanos da ONU, embarcou em uma nova missão. Ele irá fazer um tour para mapear a pobreza de um país, que, apesar do crescimento econômico dos últimos anos, continua sofrendo com a desigualdade social e econômica. Parece que, não importa quanta riqueza é gerada, a nação em questão sofre para se livrar de uma chaga que atinge quase 41 milhões de pessoas. Não, não estamos falando do Brasil ou de algum país africano. A missão de Alston será nos Estados Unidos, o país mais rico do mundo.

No ano passado, o PIB americano alcançou US$ 18,57 trilhões, com um valor per capita de US$ 57,47 mil. Nos últimos seis anos, a economia americana cresceu a uma taxa média anual de 2% e se recuperou da grave crise de 2008. Mais de 2 milhões de postos de trabalho foram gerados por ano, reduzindo a taxa de desemprego para 4,1%, a menor do século. Mas a nação mais poderosa do planeta enfrenta um dilema quase existencial, que coloca em xeque alguns valores intrínsecos do chamado sonho americano”: o bom desempenho econômico não foi capaz de acabar com a pobreza. Dados do censo oficial mostram que, em 2016, ela atingia 13% da população. É um percentual um pouco menor do que o registrado em 2010, de 15%, no auge da recessão. Nos EUA, uma família é considerada pobre quando sua renda per capita está abaixo de US$ 16 dólares por dia – valor bem acima do estipulado para o Brasil, de até US$ 1,90 por dia. Porém, deve-se levar em conta o custo de vida nos dois países. Alston é o mesmo oficial da ONU que, em 2016, fez duras críticas às medidas de cortes de gastos propostas pelo governo do presidente Michel Temer. Espera-se que ele encontre uma solução para o dilema. Afinal, de que vale a riqueza se ela não traz bem estar?

Beleza americana
A força da economia americana e a riqueza da nação mais poderosa do mundo não são suficientes para acabar com a pobreza

PIB: US$ 18,57 trilhões

PIB per capita: US$ 57,47 mil

Crescimento econômico 2017*: 2,2%

Taxa de desemprego: 4,1%

Número de pobres: 41 milhões

Porcentual da população considerada pobre: 13%

Nota publicada na Edição 1050 da Revista Dinheiro