“Nem tudo o que reluz é ouro”, diz o adágio popular. Pois convém acrescentar: nem só o ouro tem valor. A energia solar é um exemplo prático.
No Brasil, que recebe mais de 3 mil horas de sol por ano, as usinas solares foram alçadas à condição de uma das alternativas preferenciais por empresas que buscam contribuir para uma matriz energética limpa e renovável. Na prática, o resultado pode não ser o esperado. “Renovável, sim. Limpa, nem tanto”, afirmou Cristiana Nepomuceno Soares, autora do recém-lançado livro A Sustentabilidade da Energia Solar.Segundo ela, o problema principal é o descarte das unidades de captação. “Uma usina solar tem vida útil média de 25 anos e hoje não há regulamentação sobre o descarte apropriado dessas placas fotovoltaicas que, sem uso, trazem risco para o ser humano e o meio ambiente”, afirmou. O emprego de elementos químicos como silício, cobre e chumbo, que possuem alta capacidade de contaminação da terra e água, ameaçam a saúde da população.

Apesar desse risco, a opção é melhor do que o combustível fóssil. “Não há dúvida de que a energia solar quando usada com consciência traz benefícios para a redução da poluição, mas para maior eficiência ambiental é preciso criar regulamentações prevendo o desmanche das usinas”, disse a autora. No Brasil, a participação do uso direto e indireto de energia renovável no consumo deverá passar dos atuais 39% para 45% em 2040. No mesmo período, a progressão global irá de 9% para 16% . Ainda que a média do uso de energia renováveis no País seja superior à do mundo, a solar ainda é pouco aproveitada, correspondendo a pouco mais de 0,02% da matriz nacional.

Evandro Rodrigues

(Nota publicada na edição 1182 da Revista Dinheiro)