O resultado de uma combinação desastrosa entre o preço internacional do petróleo e a cotação da nova moeda européia ? o euro ? causou na semana passada uma bagunça quase terceiro mundista no Velho Continente. Enquanto líderes europeus tentavam apaziguar com palavras os ânimos dos seus consumidores furiosos, caminhoneiros holandeses, fazendeiros franceses e ônibus ingleses bloquearam estradas e ruas das principais capitais. A Europa literalmente parou. O combustível dessa onda de protestos foram as duas crises, simultâneas e convergentes, resumidas na fórmula ?euro fraco e o preço do petróleo?. São os mais altos preços do óleo nos últimos dez anos e a mais baixa cotação da moeda única européia desde sua criação, em janeiro de 1999. ?Se o preço do combustível forçar uma política monetária mais apertada, o mercado pode decidir que isso é uma ameaça ao crescimento e derrubar ainda mais o euro?, disse à DINHEIRO, o economista Stuart Bennett, do banco alemão West LB. ?As duas questões estão muito ligadas.?

O barril do petróleo estava em US$ 34 na quinta-feira, 14, apesar do aumento da produção mundial autorizado pela Opep. Já o euro, desvalorizado 25% em relação ao dólar, bateu na cotação de US$ 0,856 ? valor distante dos US$ 1,17 da sua estréia, em janeiro de 1999. Resumo: em pouco mais de 18 meses, o preço do petróleo triplicou e o euro perdeu um quarto do seu poder de compra. Se a culpa pelo preço do petróleo é da Opep, a origem da dor de cabeça do euro está do outro lado do Atlântico. É a bonança da economia americana. A perspectiva de crescimento dos EUA está atraindo o dinheiro europeu para ativos financeiros e empresas, deixando o euro às moscas. Calcula-se que semanalmente US$ 3 bilhões deixam a Europa em direção aos cofres americanos. Os caminhoneiros, porém, não querem saber disso. Exigem menos impostos sobre os combustíveis, para que eles fiquem mais baratos. Caso contrário, manterão a Europa parada.