“Fábio com ou sem acento?” A pergunta foi formulada não por falta de informação, mas por excesso. “Tanto faz. As duas formas estão corretas”, respondeu Fábio Coelho, 56 anos, engenheiro civil e administrador formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro que desde 2011 preside o Google no Brasil, além de ser VP do Google Inc. e Empreendedor do Ano da DINHEIRO em Tecnologia. A resposta sobre a grafia de seu nome justifica o fato de ele aparecer dos dois jeitos na plataforma de buscas que o executivo comanda no País. São aproximadamente 9 milhões de ocorrências com acento, em um total de 13,6 milhões de resultados. Os números dão uma ideia da quantidade de dados que o Google pode fornecer sobre tudo. A missão da companhia, como se sabe, “é organizar as informações disponíveis no mundo e torná-las acessíveis e úteis para todas as pessoas”. Ao fazer isso, ela exerce uma influência única sobre a economia global. No Relatório de Impacto Econômico de 2020, divulgado em julho deste ano, o Google informou que suas plataformas “ajudaram a movimentar mais de R$ 67 bilhões na economia brasileira”. Pode parecer pouco para a gigante de tecnologia avaliada em US$ 1,8 trilhão e dona também da plataforma de vídeos YouTube. Para entender melhor como o Google se insere na atividade econômica no Brasil, porém, é preciso ir além dos dados que aparecem no topo da busca.

Em 2016, não existia nenhum unicórnio no País. Hoje, há pelo menos 15 startups com valor de mercado superior a US$ 1 bilhão (número que fica atrás apenas dos Estados Unidos e da China). Das cerca de 13 mil startups distribuídas por quase 700 cidades brasileiras, 250 participaram de programas de longa duração do Google for Startups Campus. Seis delas são unicórnios: Creditas, Loft (leia mais à página 38), Loggi, Nubank (página 28), QuintoAndar e NuvemShop. Juntas, as 250 startups que estiveram no Campus já levantaram mais de R$ 35 bilhões em investimento, além de criar 15 mil empregos. A conta não inclui o IPO do Nubank.

Quando o assunto é a contribuição da plataforma de vídeos YouTube para a geração de renda, os números também chamam a atenção. A contribuição total do ecossistema criativo do YouTube para o PIB do Brasil foi de R$ 3,4 bilhões em 2020. No Brasil, mais de 2 mil canais do YouTube ultrapassaram em 2021 a marca de 1 milhão de inscritos, um aumento de 30% em relação ao ano anterior. “Qualquer indústria passou a ter o digital no centro durante a pandemia e para alguns negócios ele passou a ser o único canal de relacionamento com o cliente”, afirmou Coelho. Para o Google, isso gerou novas oportunidades de negócio e de engajamento. “Acabamos de completar um ano do programa Black Founders Fund, criado para apoiar pessoas pretas em suas stratups. Foram mais de 50 empresas aceleradas e apoiadas, seja com recursos injetados, seja com crédito de nuvem”, disse Coelho.

Além das iniciativas que a empresa já adotava e que precisaram ser revistas com a chegada da pandemia, outras foram criadas para atender a necessidades pontuais. É o caso do fundo emergencial que apoiou 370 veículos jornalísticos, para o qual a empresa destinou R$ 17 milhões. A ajuda faz parte da Google News Initiative (GNI), que nos últimos três anos beneficiou cerca de 7 mil parceiros do jornalismo em 120 países, com mais de US$ 300 milhões em financiamento. “Empresas que produzem jornalismo de qualidade precisam ser valorizadas, pois delas depende a construção de uma sociedade bem informada”, afirmou Coelho. “Somos uma empresa de tecnologia que pode conectar conteúdos confiáveis a audiências maiores”.

Segundo ele, os modelos atuais para monetizar essa produção de conteúdo se diferem dos que havia no passado. Ao gerar grandes volumes de tráfego para veículos que fazem bom jornalismo, e remunerá-los por meio de publicidade, o Google permite que muitos deles se tornem sustentáveis no longo prazo. “Nós remuneramos quem produz conteúdos confiáveis para evitar que o Brasil chegue a um ponto no qual surjam desertos jornalísticos.” No longo prazo, essa crença pode se mostrar mais valorosa para a sociedade brasileira que os R$ 155 milhões que o Google destinou a ações de combate aos efeitos da pandemia.

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