Nas últimas três décadas, a empresa holandesa TNT, uma gigante do setor logístico com faturamento global de 11 bilhões de euros, adotou a estratégia de simplesmente marcar posição no mercado brasileiro. Ela operava no setor de entregas expressas e seu tamanho por aqui era bem menor do que em outros países.
 

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“Ainda estamos trabalhando para que os funcionários absorvam nossa cultura”
Roberto Rodrigues, presidente da TNT no Brasil

Em 2007, porém, essa linha de atuação mudou radicalmente. De mercado periférico, o Brasil, embalado pelo crescimento econômico, se tornou prioridade. A companhia saiu às compras e investiu cerca de 200 milhões de euros na aquisição de duas das maiores transportadoras de carga do País: a Mercúrio e a Expresso Araçatuba.

Com isso, a TNT alcançou o topo do mercado com um faturamento estimado em R$ 1 bilhão. ?Tínhamos muita demanda, mas nos faltava capacidade operacional para atender a todos os pedidos?, afirma Roberto Rodrigues, presidente da operação brasileira da TNT. À primeira vista, pode parecer fácil, mas o grande desafio da empresa é unir as culturas das companhias, fazer a integração de todas as áreas, gerenciar uma frota que saltou de 40 furgões para 3,5 mil veículos e, de uma hora para outra, administrar um exército de 8,5 mil funcionários ? número 38 vezes maior do que os 220 que ela possuía antes das compras.

Até o início do ano, as três empresas do grupo (TNT Express, Mercúrio e Expresso Araçatuba) vinham operando de forma independente. Agora, Rodrigues tem dedicado a maior parte de seu tempo à união das companhias. O primeiro passo foi reunir todas as operações do grupo em São Paulo e redefinir posições em todos os níveis hierárquicos, de gerentes regionais a diretores.

Foram poucos cortes. De acordo com Rodrigues, menos de dez pessoas deixaram a empresa durante o processo, já que executivos com cargos conflitantes foram remanejados para outras áreas estratégicas. Na parte operacional, até agora, o processo tem sido mais fácil. ?As operações eram complementares. A Mercúrio era forte nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste, enquanto a Expresso Araçatuba atuava basicamente no Nordeste e no Norte. Não existia conflito”, diz o presidente.
 

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Integrar para crescer: a TNT investiu E 200 milhões na aquisição da Mercúrio e da Expresso Araçatuba.
Agora, quer reduzir custos e aumentar margens através das sinergias

 

As sinergias já têm se mostrado eficientes. Desde a integração das operações, a TNT passou a renegociar contratos com vários de seus fornecedores. A entrega de combustível em São Paulo, por exemplo, foi centralizada em uma das bases da empresa. Com um volume de compras maior, o preço pago pelos produtos caiu drasticamente.

O mesmo vale para outros custos como os de fornecimento de pneus, de óleo lubrificante, mecânicos, entre outros serviços comuns. Neste momento, a equipe trabalha na integração dos sistemas de tecnologia da informação, um processo um pouco mais complicado, mas fundamental para otimizar os processos dentro da companhia.
 

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?O objetivo é ser cada vez mais eficiente. Até o fim do ano a empresa já estará completamente integrada, o que fatalmente resultará em uma economia ainda maior?, afirma Eduardo Rocha, sócio da Gradus, consultoria com experiência na integração de grandes companhias, como Brahma-Antarctica e Telemar-Oi, e que está prestando consultoria para a TNT.

Segundo ele, as sinergias podem gerar uma economia de até R$ 10 milhões ao ano. A integração, dizem os executivos, também deve acelerar o processo de crescimento da TNT no Brasil a uma taxa de 15% ao ano. Mas o maior desafio, segundo especialistas, será implantar a filosofia de uma multinacional em empresas que, até pouco tempo atrás, tinham uma administração familiar. ?Ainda estamos trabalhando para que eles absorvam a nossa cultura?, diz Rodrigues.

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