Em 11 de setembro de 2001, quando as imponentes torres gêmeas de Nova York viraram uma pirâmide de entulho, uma gigantesca atividade econômica cresceu nos Estados Unidos: a indústria do medo. Qualquer superlativo para descrever o setor de inteligência americano não é exagero. 

 

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Inimigo no deserto: despesa bélica dos EUA desde 2001 só é menor que o da Segunda Guerra Mundial

 

Desde aquela data, a ofensiva militar que se rotulou “guerra ao terror” já consumiu mais de US$ 1,1 trilhão, a maior despesa bélica da história depois da Segunda Grande Guerra, que custou US$ 4,1 trilhões aos cofres americanos. 

 

Os custos vão muito além dos fronts de batalha no Iraque e no Afeganistão. Um relatório secreto divulgado pelo jornal The Washington Post mostra que o contribuinte americano sustenta 1.271 departamentos públicos antiterrorismo e há 1.931 empresas privadas trabalhando diretamente na defesa do território americano, seja no treinamento de cães farejadores de bombas, seja na infiltração de informantes em comunidades de imigrantes árabes.

 

A indústria antiterror também impressiona pela geração de postos de trabalho. A atividade emprega 854 mil pessoas, duas vezes a população de Santos, e gera milhares de relatórios que, se fossem empilhados, alcançariam a altura de um prédio de seis andares por mês. 

 

“Este é um dos setores mais ativos da economia americana”, diz o economista Antonio Correa de Lacerda, professor de política internacional da PUC-SP. “É peça-chave na estratégia de manter a hegemonia e o status de polícia do mundo.” 

 

Essa indústria queima montanhas de dólares no combate a um inimigo invisível e ajuda a alimentar o déficit no orçamento dos Estados Unidos (que deve atingir US$ 1,6 trilhão em 2010). Por outro lado, é uma importante ferramenta econômica e ajudou a minimizar o impacto de quase um milhão de trabalhadores demitidos pela indústria americana neste ano. Não há sinais de que a poderosa indústria do medo reduzirá os investimentos nos próximos anos.