Talvez não seja o final da história, mas no início da noite de quarta-feira, dia 13, encerrou-se um capítulo crucial na vida curta e intensa do portal Super11. Seu criador, o arquiteto libanês Nagib Georges Mimassi, emergiu de uma reunião com os executivos do iG carregando uma bóia contra o naufrágio da empresa, anunciado de forma melancólica na manhã de segunda-feira ? um superdia 11 ?, quando seus 120 funcionários foram barrados na porta da companhia. Eles ainda não receberam o salário de agosto, não estão trabalhando e nem foram demitidos, mas Mimassi está otimista. ?O pior já passou?, disse ele à DINHEIRO, imediatamente depois da reunião com o iG. ?O Super11 continuará existindo e terá receitas que permitirão saldar todas as suas dívidas.? Em troca de uma quantia mensal não especificada, e provavelmente de um aporte de capital, o portal de serviços gratuitos dirigido por Nizan Guanaes receberá o tráfico gerado pelo Super11, que tem cerca de 250 mil usuários regulares e cadastrados. Isso vai permitir ao iG aumentar sua audiência com custo por usuário menor do que o da sua própria marca. Já Mimassi, de 30 anos, que estava ameaçado de um processo por falência fraudulenta, começa a distanciar-se de um pesadelo ? e segue no comando do portal de acesso grátis que criou em janeiro, com a tarefa ingrata de renegociar as suas dívidas. ?A decisão de hoje é que vou continuar na direção do Super11?, diz ele. ?Mas ninguém sabe o que vai acontecer nos próximos meses.?

 

Nos meses passados, o que ocorreu no prédio da Rua Renato Paes de Barros, no Itaim, foi uma seqüência de desastres. Lançado com a proposta ambiciosa de fornecer programas e serviços empresariais pela Internet (além de entreter uma audiência de usuários grátis com conteúdo próprio), o site de Mimassi recebeu mais de US$ 10 milhões em investimentos, mas acumulou uma dívida estimada pelo mercado em US$ 8 milhões ? que Nagib, dono de 29% do empreendimento, garante ser ?muito menor?. Qualquer que fosse o tamanho do rombo, ele existia, era grande e crescia. Para fechá-lo, seguindo o modelo permissivo da Internet, era necessário uma nova rodada de investimentos. E aí deu-se o problema, porque o mercado de captação já não era mais a festa que fora até o início de 1999. Mesmo assim, em junho o fundo de investimentos Europe@Web ofereceu US$ 30 milhões por 30% do negócio. Massimi e seus sócios acharam que era pouco. Preferiram negociar com o Chase Partners, que propunha patrocinar uma fusão com o portal argentino Gratis Uno. Era uma proposta melhor, mas os americanos recuaram dela na undécima hora, em agosto. ?Perdi dois meses cruciais nessa negociação?, diz Massimi. E se o negócio tivesse sido fechado antes, com o fundo europeu? ?Não adianta se arrepender?, diz ele. ?Se o tempo voltasse atrás eu faria diferente. Fui superotimista.? Quem trabalhou com o empresário no faustoso início do portal ? quando sobrava dinheiro, espaço acarpetado e gente, e faltava gestão ? diz que ele é um otimista vocacional. Além de inteligente e carismático. ?É capaz de vender ao Papa uma cama de casal?, resume um ex-funcionário. Se ele conseguir convencer seus credores nas companhias telefônicas a transformar seus débitos milionários em participação na empresa, como pretende, é bom o Papa comprar lençóis maiores.