Sob a luz tênue dos corredores de um hospital de Beirute, enfermeiras libanesas tiram fotos com seus celulares, uma pausa no duro cotidiano daqueles que estão na linha de frente do combate ao novo coronavírus.

As imagens, selecionadas pela AFP e registradas pela equipe médica, oferecem uma imersão nos bastidores do hospital libanês Hôtel-Dieu de France.

Cansaço, orações, orgulho e espírito de equipe: as fotos mostram, dia a dia, o turbilhão de emoções que os enfermeiros vivem há dois meses.

Em uma das fotos, um membro da equipe faz um truque de mágica com um baralho. Em outra, os colegas se reúnem para uma selfie em grupo com o polegar para cima.

Em outras imagens, uma enfermeira saca seu violão para uma pausa musical, ou um padre reza uma missa, um momento de recolhimento entre duas emergências

Embora a propagação da doença tenha sido relativamente contida no Líbano, teme-se uma segunda onda de infecções que poderia lotar os hospitais.

“As pessoas não entendem as dificuldades que encontramos aqui”, comenta Sylvia Beudjekian, enfermeira-chefe de seu departamento no Hôtel-Dieu, um dos principais estabelecimentos da capital libanesa. “Todos estão cansados. Fazemos muito mais do que tratar os pacientes. Nós nos ocupamos de pessoas que não têm a família ao lado para enfrentar a doença.”

Foram reportados oficialmente no Líbano 859 casos de Covid-19, 26 deles fatais. O país iniciou o desconfinamento, mas, nos últimos dias, o número de casos diários voltou a aumentar.

“Todo mundo chorou, há momentos de alegria também. Esta crise nos mostrou muitas coisas”, comentou Sylvia. “Continuaremos fazendo o possível para atender a todos”, prometeu, convocando os libaneses a serem “cautelosos e ficarem em casa”.