A contaminação em escala pelo coronavírus teve um reflexo agudo e amplo na economia global, afetando bolsas de valores, câmbio, projeções de crescimento do PIB e mesmo planos de investimento das empresas. No momento, a estratégia de muitas delas resume-se a avaliar o estrago que uma eventual pandemia possa causar nos seus negócios. O mundo segura a respiração à espera do desfecho e da sinalização das autoridades sobre o controle da praga. Multinacionais estão retirando seus expatriados das áreas infectadas. Exportações e importações vêm sendo duramente afetadas. Até mesmo porque se encontra no centro do problema aquele que é hoje o maior produtor e comprador global, a China. Motor de arranque de desenvolvimento de muitos mercados, a China praticamente bateu em retirada do tabuleiro para focar energias no combate à doença. Os números de perdas são contados na casa dos bilhões de dólares e aumenta a cada dia em ritmo geométrico. A reação preventiva dos pregões é decorrente dos esquemas de quarentena e bloqueios de trânsito montados. Companhias aéreas estão cancelando voos para a Ásia e os fluxos de transações seguem recuando também nos portos e nos modais ferroviário e rodoviário. O quadro tende a gerar impactos diretos nos preços dos papéis de portentos da indústria, comércio e mesmo da tecnologia, muitos com sedes baseadas nas áreas de risco. O medo do desconhecido – e as respostas para contê-lo ainda não vieram – se reflete também na rotina da produção. Férias coletivas prorrogadas, encomendas canceladas ou adiadas e contratos desfeitos se acumulam. O processo foi tão rápido e difuso que poucos analistas até agora conseguiram decifrar o tamanho do prejuízo que essa onda pode vir a causar. Sabe-se que não será pequena. O Japão, por tabela, também adotou medidas restritivas em diversas atividades. Não há como desconsiderar na economia um movimento que restringe o poder de atuação da China e do Japão juntos. Essa talvez seja a principal motivação do pânico que se seguiu nos dias recentes entre os donos do capital. Organismos multilaterais como o FMI iniciaram o ano fazendo projeções já tímidas de crescimento para a maioria dos países. Os técnicos da Instituição admitem que os números serão ainda menores do que os previstos anteriormente e passaram a refazer os cálculos. No que diz respeito ao Brasil, o governo por enquanto está convencido de que o impacto do coronavírus será reduzido, também no que se refere aos prejuízos financeiros decorrentes. Os técnicos da pasta da economia acreditam que a recuperação interna vem se dando muito mais por razões endógenas do País, vacinadas para qualquer tipo de epidemia que venha de fora. É aguardar para ver.

(Nota publicada na edição 1156 da Revista Dinheiro)