Nos dez anos encerrados em 2017, os banqueiros dedicaram boa parte de seu tempo a ampliar suas redes de agências. Segundo dados do Banco Central (BC), entre 2008 e 2017, a rede de agências no Brasil cresceu 51%, avançando de 13,9 mil para 21 mil. No entanto, a partir do ano passado, isso mudou. Em 2018, os bancos fecharam 215 agências. O que motivou essa retração da rede foi o impacto da concorrência dos bancos digitais e das fintechs, que começa a se tornar visível no resultado dos grandes bancos. Segundo dados da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), em 2018, as transações bancárias pelo celular superaram não só as realizadas na rede física, como também as processadas pelo meio da internet. A maior participação do celular ocorre em atividades corriqueiras, como pagamentos de contas e transferências de dinheiro. Essa mudança no mercado justificou a criação de uma nova categoria de premiação nesta edição de AS MELHORES DA DINHEIRO, a dos Bancos Digitais. E o primeiro vencedor desta premiação é o Agibank.

Fundado há cerca de 20 anos como um correspondente bancário dedicado a intermediar empréstimos consignados, o Agibank sempre surfou nas ondas da atualização tecnológica. Em 2003, com o avanço dos empréstimos consignados, o banco criou uma plataforma tecnológica para facilitar a concessão desses empréstimos, diz Marciano Testa, principal executivo. Logo nos primeiros tempos, o Agibank fechou um contrato de exclusividade de distribuição de produtos do Bradesco, o que turbinou os negócios. “Essa plataforma cresceu e tornou-se o maior distribuidor de empréstimos consignados do País”, diz ele. “Em 2011, começamos a montar uma fintech, para testar novos modelos de distribuição de empréstimos.” Segundo o executivo, em 2016 o Agibank partiu para uma terceira fase, que foi a obtenção de uma licença para operar como um banco completo, capaz de intermediar transações, captar recursos no mercado e conceder empréstimos.

Marciano Testa / Empresa: Agibank / Cargo: CEO / Principal realização da gestão: Investir em tecnologia sem perder a filosofia de ouvir o cliente e atender suas necessidades (Crédito:Divulgação)

No fim do primeiro semestre, a carteira de crédito do Agibank era de R$ 1,9 bilhão. Desse total, R$ 1,1 bilhão destina-se a empréstimos pessoais. Os demais R$ 800 milhões correspondem a empréstimos consignados, cartões de crédito e limites em conta-corrente. O objetivo para 2019, diz Testa, é encerrar o ano com R$ 3 bilhões em ativos e 1,5 milhão de clientes ativos. O banco encerrou o segundo trimestre com 1,3 milhão de clientes ativos, dos quais um milhão tem produtos de crédito e 300 mil são usuários de conta-corrente.

Segundo o executivo, há muito espaço para crescer concorrendo com os bancos convencionais. Apesar do aumento recente no número de fintechs e bancos digitais, cerca de 85% do crédito está a cargo dos cinco maiores bancos de varejos. “Temos duas maneiras de romper esse modelo”, diz Testa. “A primeira é melhorar a forma de atendimento e manter uma grande proximidade com o cliente, e a segunda é pelo uso intensivo da tecnologia”. Ele se concentra nas duas. “O Agibank tem 3.600 funcionários e esse número vai continuar crescendo, mas pelo menos uma vez por mês eu vou ao call center atender os clientes diretamente”, diz ele. “Não podemos perder essa filosofia de ouvir o cliente e entender suas necessidades.”

A tecnologia não é importante apenas no processamento de transações, mas tem um papel crucial na captação de recursos para financiar os empréstimos. Do total captado, 55% vem por meio da distribuição de produtos de investimento em plataformas
Para Testa, oferecer recursos tecnológicos deixou de ser um diferencial para os bancos. “Digital passou a ser commodity, é obrigação, o cliente exige isso”, diz ele. “De agora em diante, só terá espaço no mercado quem, além da tecnologia, oferecer um negócio viável e oferecer uma boa experiência para o cliente.”