08/07/2021 - 12:00
Em 2004, ao iniciar a produção dos chocolates Nugali, em Pomerode (SC), Ivan Blumenschein e Maitê Lang quebraram um paradigma. Enquanto outros chocolatiers buscavam matéria-prima importada, o casal de sócios apostou na qualificação de produtores de cacau da Bahia. Embora o Brasil fosse o quinto maior produtor global (tanto em toneladas quanto em valor), havia a percepção de que a amêndoa brasileira era de baixa qualidade, com traços de aroma e sabor indesejáveis para quem busca chocolates finos. “A história da cacauicultura no Brasil é antiga, mas foi orientada para a produção de commodity”, disse Blumenschein.
Para mudar essa realidade foi preciso investir no campo, remunerando melhor os agricultores que dedicavam maior cuidado ao plantio e ao manejo. “Nosso objetivo sempre foi fazer chocolate ‘bean-to-bar’ com uma marca reconhecida no Brasil e fora”, afirmou o criador da Nugali, referindo-se à expressão em inglês que significa “da amêndoa à barra”. Isto é: maior teor de cacau e nada de gordura hidrogenada. “Procuramos produtores dispostos a aprimorar a qualidade e trabalhamos em parceria.” O resultado apareceu: o baiano João Tavares, de Uruçuca, conquistou duas vezes o prêmio de melhor amêndoa de cacau na maior competição internacional, em Paris. Com matéria-prima superior, a Nugali avançou no conceito de chocolate brasileiro de origem única. E o reconhecimento veio na forma de clientes (hoje são 1,3 mil pontos de venda) e de medalhas. Entre elas, a de ouro por seu chocolate ao leite, eleito Melhor das Américas em 2018 pelo International Chocolate Awards. Sete itens do portfólio já receberam prêmios.
“Nosso objetivo sempre foi fazer chocolate ‘bean-to-bar’ com uma marca reconhecida no Brasil e fora” Ivan Blumenschein sócio da Nugali.
Há dois meses, uma loja de fábrica foi inaugurada na Rota do Enxaimel, que concentra um casario histórico do legado germânico em Santa Catarina. Aberta a visitas, a fábrica oferece estímulos sensoriais na forma de aromas, sabores e apresentações audiovisuais. Uma parede de vidro permite que os visitantes obervem as etapas de produção. Há ainda uma estufa externa com pés de cacau e de baunilha. O que faz mais sucesso, evidentemente, é a degustação. Máquinas servem doses de chocolate de diferentes sabores na colher do visitante. Para quem não pretende ir até lá, os produtos estão no site da Nugali. O Dia Mundial do Chocolate foi celebrado na quarta-feira (7). Mas quem precisa de um dia como pretexto para comer chocolate?