Em 2004, ao iniciar a produção dos chocolates Nugali, em Pomerode (SC), Ivan Blumenschein e Maitê Lang quebraram um paradigma. Enquanto outros chocolatiers buscavam matéria-prima importada, o casal de sócios apostou na qualificação de produtores de cacau da Bahia. Embora o Brasil fosse o quinto maior produtor global (tanto em toneladas quanto em valor), havia a percepção de que a amêndoa brasileira era de baixa qualidade, com traços de aroma e sabor indesejáveis para quem busca chocolates finos. “A história da cacauicultura no Brasil é antiga, mas foi orientada para a produção de commodity”, disse Blumenschein.

Para mudar essa realidade foi preciso investir no campo, remunerando melhor os agricultores que dedicavam maior cuidado ao plantio e ao manejo. “Nosso objetivo sempre foi fazer chocolate ‘bean-to-bar’ com uma marca reconhecida no Brasil e fora”, afirmou o criador da Nugali, referindo-se à expressão em inglês que significa “da amêndoa à barra”. Isto é: maior teor de cacau e nada de gordura hidrogenada. “Procuramos produtores dispostos a aprimorar a qualidade e trabalhamos em parceria.” O resultado apareceu: o baiano João Tavares, de Uruçuca, conquistou duas vezes o prêmio de melhor amêndoa de cacau na maior competição internacional, em Paris. Com matéria-prima superior, a Nugali avançou no conceito de chocolate brasileiro de origem única. E o reconhecimento veio na forma de clientes (hoje são 1,3 mil pontos de venda) e de medalhas. Entre elas, a de ouro por seu chocolate ao leite, eleito Melhor das Américas em 2018 pelo International Chocolate Awards. Sete itens do portfólio já receberam prêmios.

Divulgação

“Nosso objetivo sempre foi fazer chocolate ‘bean-to-bar’ com uma marca reconhecida no Brasil e fora” Ivan Blumenschein sócio da Nugali.

Há dois meses, uma loja de fábrica foi inaugurada na Rota do Enxaimel, que concentra um casario histórico do legado germânico em Santa Catarina. Aberta a visitas, a fábrica oferece estímulos sensoriais na forma de aromas, sabores e apresentações audiovisuais. Uma parede de vidro permite que os visitantes obervem as etapas de produção. Há ainda uma estufa externa com pés de cacau e de baunilha. O que faz mais sucesso, evidentemente, é a degustação. Máquinas servem doses de chocolate de diferentes sabores na colher do visitante. Para quem não pretende ir até lá, os produtos estão no site da Nugali. O Dia Mundial do Chocolate foi celebrado na quarta-feira (7). Mas quem precisa de um dia como pretexto para comer chocolate?