Historicamente quinta colocada em serviços de banda larga e telefonia móvel no País, a Algar Telecom tem feito investimentos importantes para ampliar sua penetração no mercado B2B, principalmente voltado a pequenas e médias empresas de cidades fora dos grandes centros urbanos. O ataque é feito em três frentes: aquisições, extensão da rede de fibra óptica e o Brain (Brasil Inovação), um centro tecnológico criado em 2017 que tem gerado negócios em IoT (internet das coisas), edge computing, cloud e 5G. Com esse trinômio, a empresa mineira já olha para cima e mira as quatro grandes do setor, Vivo, Claro, Tim e Oi, apesar de ainda estar um pouco distante. “Temos dado passos bastante largos. Estamos fazendo investimentos para um crescimento constante e almejarmos um desenvolvimento futuro”, afirmou à DINHEIRO Jean Carlos Borges, presidente da Algar Telecom.

O Brain é uma estrutura independente que tem como principal mantenedora a Algar. Além de pensar em novos modelos de negócio, o centro de inovação promove renovação do modelo de trabalho. Colaboradores passam um período de quatro a seis meses no local, onde experimentam metodologias ágeis, novas estruturações de trabalho e processos com mais autonomia divididos em squads. Quando voltam, os profissionais são absorvidos por uma área criada dentro da companhia chamada Estação Algar, que coloca em prática os aprendizados disseminados no Brain. Foi do centro de soluções que saiu o projeto de SmartFi Pro que a empresa implantou na Arena da Baixada, estádio do Athletico Paranaense. “Oferecemos digital analytics e internet de qualidade, com maior proteção contra ataques, mais velocidade e conectividade”, disse Borges. Outro projeto foi fechado com um grande parque de entretenimento do Brasil, ainda mantido em sigilo. Terá monitoramento digital, controle de presença para evitar filas e avisos de promoções e atrações pelo smartphone para distribuição das pessoas pelo espaço.

EVOLUÇÃO A companhia criada em 1954 pelo português Alexandrino Garcia (as primeiras letras do nome e sobrenome denominam a empresa) passa por uma transformação nos últimos dez anos, que se intensificou a partir de 2015. Naquele ano, reforçou sua atuação em fibra com a compra da Optitel Redes e Telecomunicações. O processo de M&A também teve a aquisição de ativos da Cemig Telecom em 2018, a obtenção total da Smart Telecomunicações e Serviços em 2019 e recentemente a compra da Vogel Telecom, por R$ 600 milhões. A entrada em operação, em 2018, do cabo submarino que liga Santos (SP) e Fortaleza (CE) a Boca Raton, na Flórida (EUA), em consórcio com Google, Antel e Angola Cables, fortaleceu a presença da empresa no Nordeste do País. “Tudo isso fez com que saíssemos de uma rede muito regional, presente basicamente em Minas Gerais, um pouco do nordeste de São Paulo, sudeste de Goiás e parte do Rio de Janeiro, para uma participação nacional”, disse Borges, ao ressaltar que em 2020 encerrou o serviço de TV por assinatura, com 100 mil pontos, por falta de escala que ocasionou obstáculo na competitividade de preço diante de uma tendência por consumo de streaming.

CONEXÃO Um dos projetos do centro de inovação Brain é de SmartFi Pro instalado na Arena da Baixada, estádio do Athlético Paranaense. (Crédito:Robson Mafra/AGIF via AFP)

Com todos os avanços, a atuação da Algar passou de 87 cidades, com 25 mil quilômetros de rede em fibra óptica, para 110 mil quilômetros, presença em 372 municípios, de 16 estados, mais o Distrito Federal. A receita cresceu 50% em um período de seis anos, até bater a casa dos R$ 2,35 bilhões em 2020, com lucro líquido de R$ 202,4 milhões. O investimento no ano passado ficou na casa dos R$ 461 milhões. E no primeiro semestre deste ano já foram aplicados R$ 280 milhões em expansão.

Números que levam a Algar a acreditar em um salto no ranking das maiores telecom do Brasil. Atualmente a companhia é a quinta colocada em banda larga fixa, com 731 mil acessos e market share de 1,9%; quinta em telefonia móvel, com 3 milhões de acessos e 1,2% de fatia de mercado; e quarta em telefonia fixa, com 1,3 milhão de clientes e 4,3% de share. Um quadro que a coloca distante em milhões de acessos das que estão acima e seguida de perto pelas que estão abaixo. O desafio é diminuir a diferença para as líderes, e se desgarrar das concorrentes que a perseguem de perto. Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco, diz que foco da Algar deve ser em banda larga e serviços para o mercado corporativo. “Onde ela tem crescido com sucesso, mas está distante em quantidade de acessos”, disse.

Outro problema é que os investimentos das companhias que estão no topo têm sido feitos em grandes proporções. A Vivo, por exemplo, líder em telefonia móvel com 81 milhões de conexões, investiu R$ 7, 8 bilhões em 2020, o que representa 18,1% da receita operacional líquida. O diferencial da Algar Telecom está no foco ao mercado B2B em pequenas cidades e em pequenas empresas, nicho que as grandes não alcançam, pois concentram esforços em grandes centros urbanos como capitais e as manchas metropolitanas. Presidente da companhia, Jean Borges avalia que “há necessidade de eficiência, digitalização, acesso a conteúdos e bons serviços tecnológicos em qualquer lugar”. Para atender melhor com fibra óptica e seu cérebro de inovações.