Mais de 700 dias separam o Carnaval de 2020 — o último oficialmente comemorado no País — dos desfiles que, neste ano, acontecem no feriado de Tiradentes, entre os dias 21 e 23 de abril. Sem a folia de rua ou as comemorações na passarela do samba, o mês de fevereiro de 2022 não teve o mesmo peso no calendário brasileiro. Mesmo fora de época, no entanto, a retomada da agenda dos sambódromos do Rio de Janeiro e de São Paulo no próximo mês oferece a esperança de que a festa possa voltar a ser o que era. No Camarote Bar Brahma (CBB), o maior do circuito de desfiles, a aposta é que o evento conseguirá reunir os foliões em torno da data novamente.

Cairê Aoas, empresário e sócio da Diverti, produtora do CBB, explica que os investimentos na edição deste ano estão maiores para reconquistar esse público, que traz uma carência reprimida de quase dois anos. “Montamos uma estrutura com a mesma capacidade dos anos anteriores”, disse. No caso paulistano, no entanto, houve alteração. O maior camarote do Anhembi (sambódromo da capital paulista) foi repaginado para alcançar um patamar de experiências inédito para 7 mil pessoas. “É um grupo que elevou o patamar de consumo durante a pandemia e voltou com mais demandas por produtos e serviços premium”, afirmou o empresário, que também comanda negócios da cena noturna paulistana, como o recém-reaberto Bar Riviera, na Avenida Paulista.

A experiência dos camarotes brasileiros hoje inclui ofertas personalizadas para que toda a jornada do folião aconteça de forma mais fluida, da troca antecipada dos kits ao transporte. No CBB, os turistas representam metade do público da festa. “Em São Paulo, temos um interior e um litoral muito ricos, com potencial de emissão desse turismo para a capital”, disse o empresário. Para esses foliões, o CBB e o Camarote Nº 1, um dos maiores na Marquês de Sapucaí, remodelaram seus pacotes que incluem hospedagem e até uma programação extra.

No caso de São Paulo, há uma parceria com o Hotel Marabá, no centro da capital paulista e ao lado do Bar Brahma, icônico ponto boêmio na esquina das avenidas Ipiranga e São João. O pacote, que custa a partir de R$ 470 por dia para estadia de casal, garante acesso aos shows na programação do bar, regados a chope da marca, refeições e transfer para o sambódromo. No Rio, o Camarote Nº1 terá mantida a parceria de hospedagem com o Hotel Prodigy Santos Dumont, anexo ao aeroporto da capital fluminense, e que inclui uma agenda de festas exclusivas para os hóspedes. Com a alta procura dos viajantes, as vendas do pacote que inclui estadia para este ano já estão esgotadas.

Mas a entrada para os camarotes é algo à parte. Na folia VIP do Camarote Bar Brahma, o ingresso sai entre R$ 690 e R$ 2,2 mil por dia, a depender do setor e da data escolhida. A experiência inclui desde a vista privilegiada que um camarote oferece para os desfiles da avenida a shows exclusivos de sambistas consagrados, como Zeca Pagodinho e Diogo Nogueira, a nomes badalados na cena artística pop, como Barões da Pisadinha e Pedro Sampaio. A apresentadora Sabrina Sato é a embaixadora da festa e modela com o novo abadá, que este ano foi assinado pelo estilista Amir Slama. Produtor do evento, Aoas conta que o processo de criação de Slama foi muito orgânico, uma vez que o estilista é frequentador assíduo do camarote. “Além da sinergia, Amir é um expoente da moda brasileira”, disse.

PREMIUM Em parceria com grandes marcas, os produtores se preparam para elevar o nível de experiências com um camarote carnavalesco. No Camarote Bar Brahma, a proposta inclui um jantar com dez estações de comida, Beauty Center, espaço de massagem, área de customização de abadá, cassino, boate e até um espaço para networking. “Temos parcerias com 50 marcas, especialmente as nacionais, que buscam se reaproximar desse público”, afirmou o empresário paulistano.

Já no setor VIP para ver os desfiles da Sapucaí, o pacote inclui desde gastronomia assinada pelo estrelado chef Alex Atala, como no Camarote Arara, até performances circenses, caso do Fábula. Mas a folia carioca, além de mais tradicional, é mais salgada: os ingressos chegam a R$ 3,5 mil por dia. Para Cairê Aoas, todos os setores se beneficiam com o clima generalizado de Carnaval fora de época. E mesmo o fato de que o folião segue ressabiado depois dos diversos adiamentos nessa agenda devido à pandemia, não preocupa o produtor. “Estamos investindo mais para atrair as pessoas de volta para a folia”, afirmou. Depois de dois anos de hiato, os camarotes precisam mesmo de uma boa festa para ser lembrada.