Entre a segunda-feira (15) e terça-feira (16), as buscas no Google para o nome Daniel Silveira cresceram 25 vezes. O deputado federal do PSL fluminense conseguiu com 19 minutos e 13 segundos o que seu ex-colega Jair Bolsonaro levou 27 anos: mostrar que o sistema político brasileiro é desenhado para produzir anomalias. O congressista decidiu soltar o verbo depois de o general apijamado Eduardo Villas Bôas ter trolado (ver abaixo) o STF todo. O que fez Silveira? Bem… Ele deu uma surra verbal no STF. O vídeo começa com “Fachin, seu moleque, mau caráter, marginal da lei…”. Segue com “Fale pro Alexandre de Moraes, o fodão, que vá lá e mande prender o Villas Bôas”. Passa por dizer que “Gilmar Mendes vende sentenças”. Termina com “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”. A reação veio no mesmo tom. O ministro Alexandre de Moraes determinou sua prisão. A decisão foi de ofício – ou seja, sem que a Procuradoria Geral se manifestasse (para completa surpresa de ninguém). Aí o bicho pegou. Em tese o deputado tem imunidade. Na tarde de terça-feira, o STF mostrou-se unido como bloco de carnaval. Por unanimidade manteve a decisão pela prisão de Silveira, que deve ser expulso do PSL. Moraes disse que ele não pode invocar imunidade porque seus ataques não tiveram conexão com o mandato. Hummm… Não procede, porque Silveira foi eleito por falar o que fala e como fala.

TROLAGEM NA REPUBLIQUETA

Eduardo Villas Bôas, ex-comandante do Exército (2015-2019), é o personagem central do vídeo que levou à prisão do deputado Daniel Silveira. Protagonista na decisão do STF de não conceder habeas corpus para o ex-presidente Lula em 2018, lançou suas memórias em livro e resolveu ironizar o STF pelo Twitter.

FRIO NOS EUA EXPÕE SETOR DE ENERGIA

Entre o fim de domingo (14) e a terça-feira (16), parte dos EUA foi varrida por uma frente fria recorde. Ao menos 23 pessoas morreram e 4,4 milhões de endereços ficaram sem energia. Por um lado, houve aumento da demanda. Por outro, redução da oferta, com estações fora de operação. Uma situação que quebrou qualquer previsibilidade do fornecimento e deve revolucionar padrões do setor – e levar a novos patamares de custos.

EUROPEUS NÃO QUEREM ACORDO COM MERCOSUL

E nem vale culpar os países vizinhos. O motivo principal para a rejeição é o desmatamento na Amazônia. Pesquisa realizada em 12 países da Europa pelo londrino YouGov mostra que 75% das pessoas não querem que seus governos ratifiquem o acordo de livre comércio entre União Europeia e Mercosul até que os ataques ambientais sejam freados – 40% são radicalmente contrários. “Vamos difundir o resultado na Comissão Europeia, no Parlamento Europeu, porque qualquer declaração política pelo acordo é insuficiente se não tiver antes resultados concretos sobre o desmatamento”, afirmou Anders Larsen, da Rainforest Foundation Noruega, organização que encomendou a pesquisa.

MUNICÍPIOS NÃO QUEREM MAIS EDUARDO PAZUELLO

Necessária. Urgente. Inevitável. Com essas palavras a Confederação Municipal de Municípios (CNM), entidade que reúne 5,2 mil das 5,6 mil cidades do País, divulgou nota oficial na terça-feira (16) pedindo a saída do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. A entidade afirma que o militar não tem talento para conduzir a superação da pandemia e deve sair “para o bem dos brasileiros.” Descobrindo o óbvio, a CNM diz que a pasta “não acreditou na vacinação como saída para a crise e não realizou o planejamento para a aquisição de vacinas”. Essa pode colocar na conta das aulas de estratégia na formação das lideranças do Exército.

ÍNDICE NIKKEI BATE RECORDE DE 30 ANOS

Takehito Kobayashi

Finalmente a terceira maior economia do planeta parece dar sinais de sair do atoleiro. Na segunda-feira (15) o índice Nikkei da Bolsa de Tóquio ficou acima dos 30 mil pontos pela primeira vez em mais de 30 anos – o último momento que havia operado acima dessa barreira foi em agosto de 1990, e o recorde histórico de 38.957 é do fim de 1989. As três décadas operando abaixo de 30 mil fizeram a bolsa japonesa levar mais tempo para se recuperar do que os 25 anos que o índice Dow Jones Industrial Average levou em relação à Grande Depressão americana. Bancos e a Tokyo Electric Power Co comandavam a bolsa nos anos 90. Hoje, o mercado é liderado pela Toyota, seguida pelo SoftBank. A participação estrangeira também mudou drasticamente e saiu de 4% em 1990 para quase 30%.