Os pequenos empresários do bairro de Mocambinho, em Teresina, capital do Piauí, estão orgulhosos. Há pouco mais de um ano, eles conheceram uma palavra nova: e-commerce. Desde a instalação do primeiro telecentro (centro de informática do Sebrae com a Escola de Informática e Cidadania) na cidade, eles descobriram a internet e já estão usando a rede para fazer negócios, encontrando fornecedores e conquistando clientes. Embora esse não seja o conceito formal de comércio eletrônico, os moradores de Mocambinho formam uma ilha de progresso em meio ao deserto digital em que vive boa parte dos pequenos e médios empresários do País. Não há muita informação sobre o parque tecnológico das pequenas empresas brasileiras e seu uso da internet. O que se pode afirmar é que, assim como ocorre com boa parte da população, também no universo corporativo existe uma lacuna entre incluídos e excluídos digitais.

Alguns poucos estudos indicam que, no cenário empresarial, o Brasil ainda está longe do acesso generalizado à tecnologia. A internet nas empresas ainda se restringe a fins institucionais. Pesquisa da E-Consulting junto a 108 companhias brasileiras mostrou que 89% delas usam a Rede apenas para comunicação on-line e divulgação da marca. Outro levantamento realizado em meados de 2002 pela Federação das Indústrias de Minas Gerais demonstrou que somente 47% das empresas estão informatizadas e não passam de 39% as que têm acesso à internet. O e-mail é o serviço mais utilizado entre as 30 mil companhias consultadas pela Federação.

Hoje, é fundamental conscientizar os pequenos empresários sobre o papel da web como acelerador de negócios. Foi com esse objetivo que o Fórum Permanente da Micro e Pequena Empresa idealizou os telecentros de informação e negócios, lançado no ano passado. De acordo com Octávio Knaack Júnior, gerente do Sebrae Nacional, muitos dirigentes de companhias menores ainda não sabem usar um PC ou navegar na internet. Por isso, o primeiro passo é promover uma alfabetização digital dos empreendedores. Cada telecentro é dotado de 11 microcomputadores com acesso à Rede e duas impressoras. No início do ano, o Sebrae iniciou uma licitação de R$ 5 milhões destinada a construção de 97 telecentros no País.

A iniciativa, no entanto, é apenas parte de todo o esforço necessário para levar a informática ao universo dos pequenos empreendedores. Na opinião de Paula Santos, CEO da consultoria de software Vesta, ainda falta baratear a infra-estrutura no Brasil. ?Algumas empresas já estão considerando o novo modelo de Application Service Provider (ASP), que pode reduzir custos?, diz a executiva. Ou seja, os empresários estão percebendo que é mais eficiente alocar os sistemas num grande provedor corporativo. Assim, ficam livres de problemas como depreciação de hardware e aquisição de softwares de segurança. ?Esperamos o boom do ASP em 2005?, afirma Paula. Segundo ela, quando produtos e serviços forem acessíveis, haverá uma revolução na indústria nacional e o País poderá avançar a passos largos.