C&C, Positiva, Kroton e Riachuelo. Essas são algumas das marcas que anunciaram aberturas de vagas nos últimos dias. Notícia que é sempre tão bem-vinda e torna-se ainda mais necessária agora, com o desemprego batendo novo  recorde. Ele agora alcança 14,7% da população, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgada na quarta-feira (30) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em números absolutos, significa que hoje mais de 14,8 milhões de brasileiros estão procurando emprego.

A situação, que já é crítica, fica ainda pior para o grupo de profissionais com mais de 50 anos. No último trimestre do ano passado, quando a pandemia já imprimia sinais nefastos na economia, a taxa de ocupação para os que têm entre 40 a 59 anos era de 63,7%. Na faixa acima de 60 anos, 18,9%. Como comparação, no mesmo período,  para quem tinha de 25 a 39 anos, a taxa ficou em 68,1%.  Na realidade de 1945, quando a expectativa de vida do brasileiro era de 45,5 anos, o dado faria sentido. Mas hoje a média é de 76,7 anos com o sonho de aposentadoria cada vez mais distante.

EMPREGO E CONSUMO Algumas iniciativas para tentar reverter o quadro começam a surgir. Criada de maneira voluntária por 15 executivos com carreiras em grandes marcas, a Liga Labora assumiu o compromisso público de criar 100 mil trabalhos para os talentos 50+ até 2022. Dentre os desafios para transformar a meta em realidade está uma necessária mudança cultural das organizações e também dos candidatos que terão que se acostumar com novos modelos de trabalho que fogem dos padrões estipulados na Consolidação das Leis do Trabalho.

Seja por falta de alternativa ou por necessidade, o grupo está mostrando que está com a cabeça aberta. Segundo dados da consultoria Nextt 49+, enquanto a taxa de expansão de novos negócios no Brasil é de 13% ao ano, na faixa acima de 50 anos chega a 39%. Capacitar essa geração para seguir no mercado de trabalho não é só uma questão de assegurar a dignidade, é também um bom negócio. No mesmo levantamento, a Nextt 49+ indica que esse grupo populacional gasta cerca de R$ 304 por mês em idas ao shopping, 19% a mais do que a média nacional. Já em compras no supermercado, movimentam R$ 171 milhões ao ano.

Diante dos números é importante ressaltar que a inclusão geracional não deve ser tratada como uma medida assistencialista das empresas. Essa é uma das lutas de Claudio Neszlinger, Embaixador da Liga Labora. “Queremos que as competências desse grupo, como resiliência, equilíbrio emocional, capacidade de lidar com ambiguidades, conflitos e crises sejam de fato valorizadas”, afirmou. No fim, todos têm a ganhar.