Se for necessário usar um único indicador para demonstrar o impacto da pandemia provocada pelo coronavírus nas atividades da Brasilprev, maior empresa de previdência privada do País, o mais eficaz é o número de e-mails que os clientes enviam à empresa para tirar dúvidas e obter informações sobre seus planos de previdência. Em circunstâncias normais, os computadores da companhia controlada pela empresa americana Principal Financial Group e pelo Banco do Brasil processam de três milhões a quatro milhões de mensagens eletrônicas. “Em março e em abril esse número subiu para 24 milhões”, disse o presidente-executivo da Brasilprev, Márcio Hamilton.

A explicação é simples. As medidas de isolamento social para conter a disseminação do coronavírus tiveram um impacto profundo sobre os mercados. Os preços das ações desabaram. As cotações do dólar bateram recorde. E isso, claro, afetou profundamente a rentabilidade das aplicações dos cerca de 2,2 milhões de clientes, que deixam R$ 300 bilhões em aplicações aos cuidados da Brasilprev. “Os investidores tentaram resgatar seus investimentos principalmente porque buscavam liquidez, para enfrentar um cenário em que não sabiam o que poderia ocorrer com seu dinheiro”, disse Hamilton.

Para fazer frente à crise, a Brasilprev montou uma verdadeira operação de guerra. Não para conter a crise ou reduzir a volatilidade do mercado, mas para informar os clientes do que estava acontecendo e impedir que, preocupados, os poupadores resgatassem suas aplicações no pior momento possível. Com o mercado em baixa, retirar o dinheiro seria realizar um prejuízo certo. Mantendo os investimentos intocados seria possível recuperar as perdas com eventuais valorizações posteriores.

Márcio Hamilton Empresa: Brasilprev Cargo: Presidente-executivo Principal realização da gestão: adaptar os produtos financeiros da empresa à realidade dos juros estruturalmente mais baixos.

Para tranqüilizar a base de clientes, seria necessário, antes de mais nada, resolver as dúvidas dos interlocutores. A saber, os milhares de gerentes do Banco do Brasil, principal balcão de distribuição dos produtos da Brasilprev. Para isso, Hamilton e seus executivos fizeram “lives” e teleconferências com 25 mil profissionais do banco, tanto para resolver dúvidas quanto para fornecer argumentos para que o investidor não fizesse maus negócios. “Baseamos nossa argumentação em seis pontos”, disse Hamilton. Entre os principais, que a tempestade iria passar em algum momento, que previdência é um assunto de longo prazo e que os sócios controladores da Brasilprev, o BB e o grupo Principal, fundado em 1879, têm tamanho e experiência para enfrentar as crises. Os argumentos também apelaram levemente à ambição dos futuros aposentados. “Chamamos atenção para o fato de que, com o mercado em baixa, seria possível encontrar boas oportunidades de compra”, disse Hamilton. Tudo isso permitiu que, ainda em junho, a companhia registrasse a volta a uma quase normalidade. Por que quase? Porque, segundo Hamilton, algumas mudanças implementadas com a pandemia vieram para ficar. Por exemplo, o incremento do uso de tecnologia que permitiu a redução dos espaços físicos e de deslocamentos em viagens.

“Queremos fazer as pessoas repensarem a forma de acumulação, nossa meta é transformar a maneira como o brasileiro se prepara para o futuro” Marcio Hamilton, Presidente-executivo da Brasilprev.

No entanto, o processo de ajuste de mentalidade da companhia havia começado antes, ainda em 2019, com a queda estrutural dos juros de mercado. A redução sistemática da taxa Selic provocou mudanças profundas, que ainda não estão concluídas. As aplicações de renda fixa seguras e rentáveis que existiram até recentemente são uma coisa do passado. “Todos vamos ter de nos acostumar com mais volatilidade, se quisermos garantir a rentabilidade de nosso patrimônio”, disse Hamilton. Assim, desde 2019 a Brasilprev vem estimulando seus clientes a dedicar fatias maiores de seu patrimônio a fundos multimercados, que são mais arriscados do que os de renda fixa, mas são potencialmente mais rentáveis.

Graças a isso, a companhia vem crescendo de maneira regular. Pela conjugação entre o desempenho financeiro sólido e as propostas de responsabilidade social, a Brasilprev foi escolhida a empresa do ano no setor de Seguros desta edição do anuário AS MELHORES DA DINHEIRO. Nos últimos três anos, os recursos em investimentos previdenciários da Brasilprev cresceram 50%, de R$ 200 bilhões em 2017 para R$ 300 bilhões em meados do terceiro trimestre de 2020. “Nosso patrimônio era de R$ 100 bilhões em 2014 e triplicou nesses seis anos”, disse Hamilton. Para ele, isso vai além dos números, e passa por um trabalho de responsabilidade social. “Queremos fazer as pessoas repensarem a forma de acumulação, nossa meta é transformar a maneira como o brasileiro se prepara para o futuro”, disse Hamilton.

As melhores

1. BRASILPREV 447,26 PONTOS

2. BRADESCO SEGUROS 445,73 PONTOS

3. GRUPO CAIXA SEGURADORA 421,80 PONTOS