O executivo Hilgo Gonçalves, presidente da associação que representa instituições financeiras, a Acrefi, está confiante na aprovação do chamado Cadastro Positivo no Congresso. O sistema que leva em conta o histórico de pagamento de cada brasileiro para definir a taxa de juros a ser cobrada será, na avaliação dele, o grande impulsionador do crédito e da economia em 2019. Eis o que ele falou à DINHEIRO:

Qual é sua expectativa para 2019?
Diria que estou otimista, com o pé no chão. O crédito vai crescer cerca de 7% neste ano. Para 2019, estamos projetando algo entre 9% e 12%. A retomada da confiança é visível e isso ajuda a puxar a demanda por financiamentos. Fizemos um estudo que mostra que 66% das pessoas ouvidas estão confiantes com a recuperação do País. Essa é a primeira vez, desde 2015, que o índice fica acima de 60%. Então, acredito que o crédito será um dos motores da recuperação econômica. Há um grande movimento do sistema financeiro pró-consumidor e pró-empresário.

Que movimento é esse que a Selic cai, a inadimplência diminui, mas os juros não baixam?
A queda pode parecer imperceptível, mas está acontecendo. Em 2016, os juros médios no mercado geral de crédito foram de 42%. Em janeiro deste ano, caiu para 31,8%. Hoje está em 30,4%. Ainda é alto, é verdade, mas a trajetória de redução da inadimplência e a provável aprovação do Cadastro Positivo no Congresso ainda neste ano ou no começo de 2019 deverá reduzir isso fortemente. O fato é que há um aumento da competição entre os bancos, tanto os grandes como as fintechs, e isso é bom para o tomador de crédito.

Uma eventual disparada do crédito, com o Cadastro Positivo, poderá gerar uma nova onda de endividamento e inadimplência?
Não, porque será um crédito de melhor qualidade. Os tomadores de financiamento estão mais maduros, mais conscientes. Já os bancos terão um arsenal maior de informações para precificar melhor, de forma mais justa, quanto cobrar de cada cliente. Pelos nossos cálculos, o número de participantes do Cadastro passará dos atuais 16 milhões para algo em torno de 100 milhões. Não tenho dúvidas de que o Cadastro Positivo será um divisor de águas para a economia brasileira.

(Nota publicada na Edição 1097 da Revista Dinheiro, com colaboração de: Cláudio Gradilone)