Quando decidiu bater um prato de porcelana contra o outro em uma feira do setor de decoração e presentes há três anos, Ademir Varaldo atraiu muita atenção. Em vez de dois objetos estilhaçados, ele conseguia fazer um barulhão sem machucar ou quebrar as peças. Era uma atração à parte, mas para a concorrência era só isso. Na época, Varaldo era um fabricante de bibelôs e produtos de porcelana para presentes. Agora, o barulho que ele provoca no mercado é outro e já começa incomodar a vizinhança. Há três anos, Varaldo criou a Porto Brasil e conquistou 5% das vendas no Brasil, um terço da participação de mercado de 15% que as tradicionais Schimidt e Oxford detêm, cada uma. A principal arma para isso foi a inovação: a cada ano, ele lança duas novas linhas de produtos. Além disso, Varaldo firmou contratos para desenvolver linhas exclusivas para algumas marcas, como as da Taeq, do Grupo Pão de Açúcar.

Em sua rota de ascensão, a Porto Brasil esbarrou nos produtos chineses, que chegam às lojas por R$ 30, o conjunto. Varaldo e seu sócio Valter Villalva Júnior apostaram em outro caminho, a produção quase artesanal. ?Assim não perco a flexibilidade para atender os clientes?, diz Varaldo. Foi dessa forma que eles passaram a confeccionar peças exclusivas para a Taeq, do Grupo Pão de Açúcar, para grandes varejistas como Carrefour, ou lojas especializadas como Etna e Tok Stok. As coleções da Porto Brasil custam a partir de R$ 120 e, segundo seus sócios, atingem um público que faz suas refeições fora de casa nos dias de trabalho, mas no final de semana reúne amigos e familiares em suas casas. Cada família, de acordo com pesquisas da empresa, possui até três diferentes jogos. Por ano, a Porto Brasil investe R$ 500 mil em pesquisa e desenvolvimento de novos desenhos, cores e formatos. O traço exclusivo de seus produtos exige um controle de qualidade rigoroso. De todas as peças produzidas, 30% são descartadas. ?Por mais tecnologia que se compre, boa parte do processo de cerâmica continuará sendo artesanal eternamente?, diz Varaldo. A intenção é perder apenas 10% e colocar as 20% restantes para fazer barulho.