Desde a eleição de Alberto Fernandez na Argentina, as relações bilaterais do Brasil com o país vizinho tem se deteriorado. Mesmo com a aproximação das nações em 2019, por motivo do acordo Mercosul e União Europeia, parece que o divórcio entre os países não está longe de acontecer. É o que justifica o secretário especial do Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia, Marcos Troyjo, que em entrevista recente à agência Bloomberg declarou que “todos os sinais da Argentina são ruins”.

Enquanto a relação fica complexa, o presidente Bolsonaro já está de olho em outro gigante global. É a Índia, país que o presidente deve visitar na próxima semana à procura de uma aproximação comercial. A expectativa segundo o Ministério de Economia é aumentar o comércio com a Índia de US$ 7 bilhões para US$ 25 bilhões.

A Índia experimentou um crescimento de 7% na última década e de acordo com especialistas o gigante pode ultrapassar a China, nosso principal parceiro comercial, nos próximos 10 anos.

Para Demetrius Cesário, professor de Relações Internacionais da ESPM, a mudança da Argentina para um governo de esquerda reforçou o distanciamento com o Brasil, no entanto, ele destaca que não é o governo quem faz comércio e sim a sociedade civil e as empresas, por este motivo cabe ao setor empresarial as decisões estratégicas na pauta exportadora.

Sobre a Índia, Cesário defende que o país se tornou importante para o Brasil há alguns anos, por exemplo nos BRICS, bloco do qual ambas as nações fazem parte. “Temos duas economias interessantes e em desenvolvimento, dois países democráticos, isso é muito bom. Ainda não sabemos se a Índia pode superar a China economicamente, mas temos certeza que em alguns anos em termos populacionais Índia será maior que o parceiro asiático”, explica.

Segundo dados da Associação Latino-Americana de Integração (ALADI), a Argentina é o nosso quarto parceiro comercial de exportação, já a Índia está na posição 16.  Para quadruplicar o comércio, como pretende Bolsonaro muitos esforços seriam necessários. Contudo, Cesário garante que não está na Índia nem na Argentina a prioridade de política externa do governo brasileiro. “Desde o começo do mandato Bolsonaro ficou bem claro que o objetivo do Brasil é se juntar a países ricos e não aos em desenvolvimento. Então as prioridades ainda são EUA, Europa, Israel, e Japão”, conclui. E acrescenta que mesmo com o distanciamento da Argentina, ainda há chances para o Brasil negociar livremente com Europa “O Mercosul pode deixar de ser uma união aduaneira e se tornar uma área de livre comércio, esta seria a oportunidade perfeita para o Brasil negociar sozinho com a União Europeia”.