O português Miguel Setas, presidente da EDP Brasil, foi o convidado da live de DINHEIRO, na segunda-feira, 7. A empresa pertence ao grupo europeu “Energias de Portugal” e é uma das maiores empresas privadas do setor elétrico brasileiro a operar em toda a cadeia de valor. Na entrevista, ele falou sobre os mais variados temas ligados aos setor elétrico como sustentabilidade, inovação e responsabilidade social. Sob sua gestão, a companhia, que tem negócios em geração, distribuição, transmissão e comercialização de energia, acumulou lucro de R$ 508,3 milhões nos primeiros seis meses do ano, um aumento de 4,9% na comparação anual. “O Brasil é um um país abençoado por Deus, quando se fala em fontes energéticas.”

Em novembro, o Ceo da EDP foi anunciado pela Rede Brasil do Pacto Global, da ONU, como porta-voz do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 11 (ODS 11) – Cidades e Comunidades Sustentáveis na iniciativa Liderança com ImPacto. A escolha levou em consideração o envolvimento da EDP Brasil com o ODS defendido, análise reputacional da Companhia e de seu líder, bem como o nível de engajamento e alinhamento com as premissas e compromissos propostos pela iniciativa no País.

Na live, Setas fala sobre a iniciativa da empresa de submeter à Organização das Nações Unidas (ONU) o compromisso de reduzir suas emissões para garantir que o aquecimento global não exceda 1,5°C, aderindo ao Business Ambition for 1,5ºC – Our Only Future. Para isso, a companhia comprometeu-se a garantir que, até 2030, 100% da energia que gera sejam provenientes de fontes renováveis. “Se quisermos resolver a questão da sustentabilidade, temos que focar em como as cidades serão mais sustentáveis”, afirma.

O executivo fala também sobre a influência do aquecimento global e como o resultado dessa elevação do clima no mundo pode ser minimizado com investimentos nas mais diversas fontes energéticas na qualidade de vida das pessoas (para ele a temperatura vai subir entre 3,7ºC e 4,8ºC no final deste século). De acordo Setas, o grupo EDP tem como visão global de negócios liderar a transição energética. Miguel Setas entende que se nada for feito para a descarbonização das cidades, assistiremos um colapso no ecossistema planetário. “Estamos vivendo uma emergência climática”, acredita.

Setas foi eleito também este ano, pelo jornal Valor Econômico, como o melhor líder empresarial na Categoria Energia do Brasil. Sob a gestão do executivo, em 2018 e 2019, a empresa alcançou os melhores resultados financeiros de sua história no País e tornou-se reconhecida no mercado pela antecipação da entrega de grandes obras de infraestrutura e usinas solares para empresas.

Na live, o executivo conta sobre vários projetos da empresa como a instalação do primeiro corredor de carregadores para automóveis elétricos entre o Rio de Janeiro e São Paulo e pelo anúncio da implantação da primeira e maior rede de recarga ultrarrápida de veículos elétricos da América do Sul, além da complementaridade de fontes energéticas, como a energia solar. “Hoje, a demanda é muito grande. Muitas empresas querem mudar as matrizes energéticas”, avalia.

No bate-papo, ele contou sobre a parceria com a Embraer no desenvolvimento de um avião elétrico, que vai permitir investigar a aplicabilidade de baterias de alta tensão para o sistema de propulsão elétrico de um avião de pequeno porte, além de avaliar suas principais características de operação, como peso, eficiência e qualidade de energia, controle e gerenciamento térmico, ciclagem de carregamento, descarregamento e segurança de operação.

O protótipo, que usa um EMB-203 Ipanema como plataforma de testes, já está em desenvolvimento e tem o primeiro voo previsto para 2021. “São segmentos [de transporte] também com muita muita poluição, muita emissão de gases de efeito estufa e, portanto, tem que estar na frente dessa determinação do movimento da descarbonização”, avalia.

Miguel Setas está à frente da EDP desde 2014 e há doze anos no Brasil. Ele é engenheiro físico pós-graduado em Engenharia Elétrica e da Computação. Começou sua carreira como consultor e já ocupou postos de liderança em diversos setores, como Petróleo e Gás, Telecomunicações e Transportes.

Na conversa, o CEO falou sobre responsabilidade social, em especial sobre a reconstrução do Museu da Língua Portuguesa. A EDP é a maior patrocinadora, e a primeira empresa a patrocinar a recuperação do Museu do Ipiranga – um investimento conjunto de R$ 32 milhões. “É um obrigação cidadã”, afirma.

Ainda no campo da responsabilidade social, neste ano, a companhia destinou mais de R$ 10 milhões a iniciativas de enfrentamento à pandemia, tais como a compra de respiradores e EPIs para a rede pública de saúde, a realização de obras elétricas de hospitais de campanha e a doação de 350 toneladas de alimentos e kits de higiene pessoal a comunidades vulneráveis e povos indígenas.

Ao todo, essas determinações beneficiaram mais de 400 mil pessoas em todo o Brasil. Na live, Setas fala sobre os impactos do coronavírus no setor elétrico, na empresa e na vida das pessoas, além de abordar o pós-pandemia. “O futuro é crescimento, inovação e retomada verde. O futuro é um novo modelo de trabalho, mais justo, mais inclusivo e com diversidade”, conclui.