Não bastasse o desmatamento ilegal que ameaça os biomas brasileiros, os incêndios — em sua maioria provocados pela ação humana — também devastam a biodiversidade do País. Segundo o estudo Brasil Revelado 1985-2020: As Cicatrizes Deixadas pelo Fogo no Território Brasileiro, elaborado pelo MapBiomas, 20% da área nacional pegou fogo ao menos uma vez de 1985 a 2020. Em cada um desses 35 anos o Brasil queimou uma área maior que a Inglaterra: foram 150.957 km² anualmente. Neste período, entre os seis biomas, e se considerando a dimensão ocupada, o Pantanal foi o que mais sofreu, com 57% de seu território queimado ao menos uma vez.

Isso acontece porque durante os períodos úmidos as plantas acumulam biomassa e, no período seco, a vegetação vira combustível para o fogo, muitas vezes provocado por agricultores da região. “Essas características, associadas à baixa umidade e fortes ventos, torna o fogo um problema crítico”, disse o coordenador do MapBiomas Pantanal, Eduardo Reis Rosa. Já em um recorte mais recente, 1º de janeiro a 16 de agosto deste ano, a Amazônia foi a que mais sofreu com os focos de incêndio: 24.121 ocorrências, contra 21.835 do Cerrado.

O Pantanal foi o quinto bioma mais atingido (1.093). Para quem pensa em alegar que a culpa é do tempo, vale destacar que incêndios naturais na Amazônia só ocorrem a cada 500 ou 1 mil anos e que, de acordo com documento do Ipam, “para causar uma queimada, é necessária a combinação de três fatores: clima seco + vegetação seca em abundância + fonte de fogo”. A responsabilidade é nossa. O prejuízo também.

(Nota publicada na edição 1236 da Revista Dinheiro)