A farmacêutica Lisandra Ravanelli Pessa, de 31 anos, é o tipo de amiga que merece confete, serpentina, gratidão e até, convenhamos, cervejinhas. Ela, que mora com o noivo em um sobrado na Vila Mariana, zona sul de São Paulo, “se mudou” na noite de sexta para o quartinho da empregada só para liberar o seu quarto e o de hóspedes para a trupe de foliões que vai hospedar. De “exportador” de foliões, São Paulo virou “importador”. Enquanto isso, Salvador, tradicional reduto de foliões paulistanos no carnaval, enfrenta desistências e crise nos abadás e “nas cordas”.

Os amigos de adolescência de Lisandra são três casais de Ribeirão Preto. Eles vieram para a capital paulista com um intenso e purpurinado objetivo: curtir ao máximo a folia das ruas. “Tivemos a ideia em novembro”, conta um dos hóspedes, o consultor de vendas Lucas Romero, de 31 anos. “Quando virou o ano, começamos a planejar tudo direitinho. Criamos no WhatsApp o grupo ‘Carnaval SP’ e passamos a definir quem ia comprar o quê, das fantasias à bebida.”

Na semana passada, é verdade, o aplicativo não parava de pular – ou sambar. Todo mundo com um comentário, uma expectativa, uma fantasia de carnaval. “Estamos muito animados, principalmente depois que vimos, pela mídia, como foi o pré-carnaval da semana passada”, disse Lucas à reportagem na tarde de quinta.

Lisandra montou toda a operação. Providenciou colchão inflável para um dos casais, deixou outras duas camas à disposição. Foi à Rua 25 de Março e comprou diversos adereços. “Chapéus, máscaras, gravatas coloridas…”, enumera. E, claro, se encarregou de dar aquela pesquisada nos principais blocos para sugerir o roteiro.

De Taubaté, também no interior do Estado, a auxiliar administrativa Patricia Ketalin Nogueira Barbeta, de 28 anos, veio para São Paulo já no fim de semana anterior ao carnaval, com quatro amigos. “Fomos ao bloco Casa Comigo, depois à Praça Roosevelt, no dia seguinte curtimos o Gambiarra e, por último o Acadêmicos do Baixo Augusta”, recorda-se.

“Não sei como aguentei a maratona. Tenho um joelho destruído, não tenho preparo físico para tudo isso, não”, comenta a auxiliar administrativa. “Mas consegui à base de muita água – e um pouco de álcool.”

Ela pretende repetir a dose com uma saideira no próximo fim de semana, o penúltimo dos blocos de São Paulo. “Vai ser o pós-carnaval e com certeza estarei nas ruas da cidade”, planeja. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.