20/11/2002 - 8:00
Robert Mondavi, dono da vinícola que leva seu nome, foi o homem que colocou a Califórnia no roteiro mundial dos grandes produtores de vinho, ao lado de países como França, Itália e Alemanha. Filho de Cesare Mondavi, italiano da pequena cidade de Sassoferrato e membro de uma tradicional família de vinicultores, que emigrou para os Estados Unidos no início do século passado, Robert transformou uma pequena faixa de terra a 70 quilômetros de São Francisco em uma área sofisticada e badalada: o Napa Valley, onde 240 vinícolas produzem alguns dos melhores Chardonnays e Cabernets do mundo.
Tudo começou em 1943, quando os Mondavi compraram a vinícola Charles Krug, a primeira da região, fundada em 1858. Na verdade, a história do vinho na Califórnia é muito mais antiga, remonta a 1769, quando as primeiras videiras foram plantadas pelos missionários espanhóis naquele pedaço de terra que ainda pertencia aos espanhóis. Mas foi a partir da vinícola de Krug que a produção de vinho tomou corpo na região. Nas mãos dos Mondavi, o que era apenas um hobby de meia dúzia de vinicultores transformou-se em um negócio lucrativo.
Tanques de aço. Mondavi revolucionou todo o processo de fabricação do vinho. A começar pela utilização de tanques de aço inoxidável para a fermentação da bebida, que tradicionalmente era fermentada em contêineres de carvalho. Com isso, ele acabou com o risco de contaminação da bebida por bactérias que podem proliferar em contato com a madeira na hora da fermentação. Mondavi foi o primeiro também a importar barris de carvalho franceses para envelhecer o vinho. Sua relação com os franceses foi muito além. Por volta de 1970, Mondavi fez uma joint-venture com o Baron Philippe de Rothschild, de quem passou a utilizar algumas técnicas de plantio das videiras. Foi o pulo do gato dos Mondavi. Além de efetivamente melhorar o cultivo de suas uvas e aprender novas técnicas com a nata dos produtores franceses de vinho, Mondavi soube capitalizar isso para o seu produto final. Afinal, não poderia haver marketing melhor do que um vinho californiano com a experiência dos Rothschild: já chegava com lugar garantido nas melhores mesas. 
