Na semana passada, Luis Rezende, presidente da Volvo Cars do Brasil, estava no Canadá “defendendo o orçamento do ano que vem”, como ele mesmo disse, com os executivos globais da montadora sueca. E ele tem motivos de sobra para apostar suas fichas no crescimento da marca no País. Se até o fim deste ano Rezende projeta vender 3,7 mil carros, a expectativa é chegar a 6 mil unidades no ano que vem. Além da retomada econômica, a Volvo conta com uma importante renovação no portfólio para chegar lá. “Trouxemos o novo XC90, acabamos de lançar a segunda geração do XC60 e, em abril de 2018, vamos vender o XC40, que vai disputar o mercado de SUVs pequenos”, diz Rezende. Acompanhe a entrevista:

Como está o desempenho da Volvo neste ano?
Em termos de volume, enquanto o mercado (premium) está caindo cerca de 10%, nós estamos caindo 4%. Mas, considerando que o XC60 acabou de encerrar a primeira geração, com a chegada da segunda geração em outubro, deve vir crescimento de 9% a 10% em comparação com 2016. Vamos fechar este ano com vendas totais entre 3,7 mil e 3,8 mil unidades.

E para o ano que vem, qual é a expectativa?
Em abril do ano que vem, traremos o novo XC40. Esse carro está inserido no segmento que representa 35% das vendas totais do mercado premium, o de pequenos SUVs como o Audi Q3, o Mercedes GLA e a BMW X1. Considerando o mercado premium, a nossa relevância no segmento de SUVs é grande. Juntando todo nosso
portfólio, vamos atingir vendas totais de cerca de 6 mil unidades.

O Inovar-Auto vai acabar no fim deste ano. O que muda?
Esse sistema de cotas não deve mais existir e nem a diferenciação de preço por origem. A diferenciação volta a ser com relação ao imposto de importação que é taxado em 35%.

Há conversas com o governo sobre um programa substituto ao Inovar-Auto?
Sou vice-presidente da Abeifa (Associação Brasileira das Empresas Importadoras Fabricantes de Veículos Automotores) e estamos participando das comissões do governo. Estão todos animados porque o novo programa Rota 2030, em vez de olhar para o mercado nacional de 2 milhões de carros, deve olhar para o mercado global de 90 milhões de carros. Com isso, o Brasil passa a ser realmente uma plataforma de exportação considerável, mas não só no âmbito de produzir e exportar, mas sim para gerar conteúdos interessantes.

Por exemplo?
Desenvolver algumas partes dos sistemas globais e partes de tecnologias aqui. É uma discussão bem ampla. Mas já está na etapa final.

A Volvo tem planos de expandir a rede de concessionários?
Nós temos que cobrir algumas capitais em que não estamos. Manaus, Belém, Cuiabá, Campo Grande são capitais que precisamos atender de uma forma melhor. Temos clientes nesses lugares que acabam comprando de concessionárias bem distantes e isso acaba complicando em termos de manutenção. Com a chegada do XC40, permite que tenhamos volume para que eu possa expandir.

E a expectativa em relação à economia brasileira?
Continuamos acreditando na reversão de crise no ano que vem. A confiança do consumidor está voltando. Estamos começando a ver sinais de melhora.

A economia descolou da política?
Descolar 100% é praticamente impossível. Mas sinto que ela está muito menos vulnerável do que estava há um ano e meio, quando qualquer notícia mexia com o câmbio e com a bolsa com muita força. Agora não é tão forte assim. A equipe do ministro Henrique Meirelles é muito competente e vem sendo assertiva no que está fazendo. Isso dá credibilidade para continuarmos investindo no País.

(Nota publicada na Edição 1033 da Revista Dinheiro, com colaboração de: Cláudio Gradilone e Machado da Costa)