O pouco caso dos bancos brasileiros pelos pequenos e médios empresários virou oportunidade de negócio na Internet. Dois executivos de um pequeno banco carioca, o Modal, deixaram para trás o conforto de seus cargos no mercado financeiro e abriram um site só para intermediar financiamentos de bancos para empresas de pequeno porte. É um típico negócio B2B: o site não desembolsa um centavo nas operações que intermedia e nem mesmo chega a ser uma instituição financeira. Mas, com a assessoria on-line do site, empresários que habitualmente não chegam sequer a ser recebidos em bancos pelas vias tradicionais acabam ganhando acesso a mesas de crédito do mercado. Basta preencher uma ficha, e a partir dela o site pesquisará várias possibilidades de financiamento em fontes diversas, mostrando suas vantagens e desvantagens. As operações também são fechadas on-line. A empresa, com o nome MultiValor, estreou na rede em outubro e, sem gastos extravagantes, já soma 62 operações em andamento e um empréstimo de R$ 600 mil fechado.

?Estamos preenchendo uma lacuna inexplorada do mercado, que é a de pequenas e médias empresas?, diz o diretor-presidente da empresa, Eduardo Borges. Esse nicho responde por 60% do PIB brasileiro, mas recebe só 10% dos financiamentos. Os bancos, lembra, gostariam de cobrir esse segmento, mas não conseguiram montar estruturas economicamente viáveis para atender essas empresas. O site é um canal para baratear esse relacionamento e tornar o negócio rentável. Por enquanto, dois bancos fizeram parceria com o site, os pequenos Modal e Cruzeiro do Sul, mas outros 15 já negociam. O repasse de linhas do BNDES é a estrela do negócio: quase 50% das operações são desse tipo.
Quando o MultiValor estreou, a quebra em massa de empresas pontocom já era uma realidade, e, por isso, o site tem um modelo de negócio muito claro. A receita virá de uma comissão de 20% do spread do banco em cada empréstimo fechado. A previsão é de que a empresa seja lucrativa em dois anos. O investimento, de R$ 10 milhões, foi todo bancado por Borges e mais cinco sócios, todos ex-executivos do Banco Garantia. A abertura de capital em bolsa é um projeto mais que distante. ?O objetivo da empresa é ficar muito grande e isso exige capital. Mas vai demorar ainda uns três anos para isso?, diz Borges.