O novo endereço do dinheiro é pouco conhecido pela maioria dos investidores. Ao lado dos gigantescos Banco do Brasil, Bradesco ou Itaú começam a ganhar corpo administradoras independentes. Ou seja, empresas de fundos de investimento sem a estrutura e a bandeira de um banco. São gestoras com nomes estranhos e pouco conhecidos, como ARX, GAP ou Claritas. Há cinco anos, os independentes movimentavam menos de 1% dos fundos de investimento no País. Hoje, cuidam de
mais de 5% ? ou R$ 25 bilhões. Dos 50 maiores administradores
do País, 14 são do grupo sem-banco.

A tendência, dizem os administradores, é que avancem ainda mais. ?Está havendo uma especialização?, diz Francisco Corrêa da Costa, sócio-diretor da GAP. ?Os bancos oferecem fundos mais padronizados e as independentes cuidam das aplicações mais inovadoras e ousadas.? Os próprios bancos gostam dessa especialização. Não querem ver seu nome associado a fundos agressivos e instáveis.
Se um cliente de alta renda topa correr mais riscos, então os ban-
cos oferecem fundos de grifes como GAP, ARX, Claritas, Mellon, Hedging Griffo, Dynamo, Investidor Profissional ou Gávea (do ex-presidente do BC, Armínio Fraga).

Com esse impulso, os independentes passaram de pequenos escritórios a administradores de fortunas. A GAP administra R$ 1,8 bilhão, a ARX movimenta R$ 1,4 bilhão e a Claritas, R$ 1 bilhão. ?Fechamos nossos fundos a novas aplicações para não perdermos a agilidade da administração?, diz Marcelo Kravelis, da Claritas. A agilidade é um dos diferenciais dos independentes. Em geral, a história dos sem-banco é parecida. São executivos experientes de bancos que resolvem montar seu próprio negócio. Começam com escritórios pequenos, administram recursos próprios, de parentes e amigos, ganham fama até serem adotados pelos bancos, fundos de pensão e empresas. ?No início, as independentes eram como boutiques de investimentos. Mas a tendência é virarem empresas nos moldes americanos?, diz José Alberto Tovar, sócio da ARX. Os indepen-
dentes dominam o mercado de fundos nos EUA. Um deles, a Mellon administra US$ 70 bilhões. No Brasil, cuida de R$ 2,0 bilhões. ?É uma tendência internacional, os independentes têm mais liberdade
de trabalho?, argumenta Eduardo Rezende, da Mellon. O jogo,
dizem eles, está só começando.