Primeiro banco 100% digital a abrir capital na B3, o Banco Inter passou de uma base de pouco mais de 200 mil clientes no primeiro semestre de 2017 para 741 mil contas no primeiro semestre deste ano. E, com ativos totais de R$ 4,6 bilhões e dinheiro em caixa para fazer aquisições, a instituição financeira pode entrar no mercado de meios de pagamentos. “Pode ser complementar ao nosso negócio”, diz João Vitor Menin, CEO do banco. Em entrevista ao programa MOEDA FORTE na TV Dinheiro, ele fala sobre a estratégia do banco, o vazamento de dados de alguns clientes e os próximos passos. Leia a seguir alguns trechos da entrevista que vai ao ar no site da DINHEIRO a partir da segunda-feira 20 de agosto.

No ano passado, o Banco Inter tinha 200 mil clientes e hoje conta com 700 mil clientes. Qual é a explicação para esse crescimento?
Acho que, se pensarmos um pouco, chegamos na concentração bancária. Os brasileiros estavam ávidos por uma experiência bancária diferente. E o Banco Inter tem provido isso. A facilidade de usar, a gratuidade da conta e a plataforma completa. Você paga as suas contas, faz seguro do carro, um empréstimo, investe seu dinheiro… Então, quando você junta a facilidade de abrir uma conta do sofá da sua casa, com a gratuidade, combinada com a experiência completa de um banco, o produto fica muito interessante para essas pessoas físicas que estavam querendo mudar. Esse é o grande motivo.

Mas e quando as pessoas querem falar com um gerente, com uma pessoa do banco, não faz falta ter uma agência física?
Costumo dizer o seguinte, o Banco Inter não é um banco virtual, é um banco digital. E a diferença é gigantesca. Hoje, temos 1,1 mil funcionários e, grande parte deles, está lá para servir os clientes. Temos atendimento via chat, via telefone e, especificamente no cliente de alta renda, temos o atendimento presencial. O banco digital não parte do pressuposto de não ter interação humana, é de ter uma interação humana, mais rápida e melhor.

Depois de tantos anos debaixo do guarda-chuva da MRV, por que o Banco Inter resolveu abrir o capital?
O Banco Inter estava passando por um crescimento muito forte no primeiro semestre de 2017 e percebemos que precisávamos de recurso para ter sustentabilidade. E procuramos o mercado de capitais. Sinceramente, a ideia inicial era buscar um private equity. Mudamos de ideia porque percebemos o interesse do mercado no IPO de um banco digital.

Logo depois do IPO, houve um vazamento de dados dos clientes do banco. O que, de fato, aconteceu?
O Banco Inter não sofreu um ataque de hacker, não sofremos um ataque cibernético como foi noticiado na época. O que tivemos foi quebra do sigilo ético e profissional de uma pessoa ligada à instituição. Essa pessoa tinha acesso a alguns dados de uma parcela pequena de clientes (O Ministério Público afirma que mais de 19 mil pessoas tiveram seus dados expostos).

Mas houve uma falha interna…
Essa pessoa feriu o sigilo ético e não posso entrar em mais detalhes porque isso está na Justiça. O que posso garantir é que ninguém perdeu dinheiro e nenhuma conta foi invadida. Isso me deixa tranquilo.

E quais são os próximos passos?
Algumas empresas específicas podem ser complementares ao nosso negócio. Essa parte de meios de pagamentos é interessante para a gente uma vez que somos um banco de varejo. A parte de plataformas abertas de investimentos também nos interessa. Aí estão as possibilidades de aquisição para a gente.

(Nota publicada na Edição 1083 da Revista Dinheiro)