Nicola Colella, 79 anos, e Wilson Ricci, 68, são amigos, alfaiates e sócios há mais de 40 anos. Mas vivem às turras no comando da Colella, confecção paulistana de muito prestígio entre as principais grifes masculinas do País. O primeiro é o coração da empresa: no seu ateliê escondido num cantinho da fábrica, não quer saber de números, só da qualidade e da modelagem das 600 peças produzidas diariamente. O segundo é o cérebro: cuida das contas, traça as estratégias e tem uma sala de verdade no segundo andar. ?Para o Wilson, tudo é custo, custo, custo?, resmunga Colella. ?O Nicola inventa detalhes para as roupas e nem me pergunta quanto isso vai encarecer o processo?, reclama Ricci. E assim, apesar do que eles chamam de ?uma divergência ou outra?, os dois vêm produzindo paletós e calças de corte italiano para lojas como Fórum, Zoomp, M.Officer, Brooksfield, Harry?s e Bruno Minelli. Faturaram R$ 24 milhões em 2001. Mas numa coisa eles concordam: chegou a hora de alardear a qualidade que garantiu fama aos outros.

 

Hoje, 70% da produção leva a etiqueta dos clientes. O nome Colella, apesar do padrão internacional, é um ilustre desconhecido do consumidor. A essa altura da vida, porém, os dois sócios decidiram criar a grife Ricci & Colella e acabam de se tornar a primeira indústria nacional a vender com a própria marca nas 74 lojas do grupo Via Veneto. Estarão ao lado de ternos de respeito como os de Ermenegildo Zegna. ?Mas os nossos são muito melhores e custam a metade, em torno de R$ 800?, vai logo dizendo Colella. ?O objetivo é ter uma marca forte para ganhar o mercado externo. Não será nada fácil, mas já estamos negociando com gente nos Estados Unidos?, conta Ricci. Colella, para variar, discorda. ?Essas roupas importadas que fazem sucesso por aí são umas porcarias, só têm etiqueta. Nós temos produto. E se o problema é o sobrenome italiano, também temos?, zomba. Sem falar da sorte. Nas três vezes em que a Colella foi convocada a fazer os trajes de passeio da Seleção Brasileira, deu caneco: 1970, 1994 e 2002.