A canadense Bombardier reforçou sua artilharia terrestre, selando a paz – pelo menos em terra – com o Brasil. No ar, a maior rival da Embraer no mercado de jatos regionais, continua a irritar o governo brasileiro em brigas relativas a subsídios – a última delas iniciada no início do ano envolvendo a construção de uma nova família de jatos. Em terra, a companhia vai anunciar na próxima semana que fabricará trens em Hortolândia, no interior de São Paulo, informa uma fonte da companhia à DINHEIRO. A fabricação vai ser viabilizada por um contrato de R$ 2,1 bilhões que a empresa assina com a Companhia Metropolitana de São Paulo (Metrô) para fazer o prolongamento do antigo “fura-fila”, obra inacabada do governo do prefeito Celso Pitta, que se transformou em uma via elevada para circulação de ônibus. 

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Projetos futuristas: as cidades de Riad, na Arábia Saudita (à esq), e Las Vegas, nos EUA, contam com projetos de monotrilhos 

O governo paulista optou por estender o corredor, rebatizado de “Expresso Tiradentes”. O anúncio, previsto para ser feito na semana passada, foi adiado em razão dos problemas com o metrô na cidade de São Paulo. A fábrica de Hortolândia – que a Bombardier tem desde 2001, quando comprou a Companhia Brasileira de Materiais Ferroviários (Cobrasma) – ainda não produziu um trem sequer. Por aqui, a empresa canadense se especializou na reforma de vagões. No último contrato, fechado com o Metrô de São Paulo, a empresa faturou R$ 238 milhões para reformar 156 vagões. Agora, a companhia corre contra o tempo para iniciar o novo projeto. Cerca de 200 novos funcionários serão contratados a toque de caixa em até três meses, mais do que o dobro do quadro atual, que é de 150. 

 

O valor do investimento não foi revelado, mas uma fábrica semelhante da Bombardier, na Índia, recebeu aporte de E 33 milhões.  “O Brasil vai se transformar no polo de exportação desse tipo de trem – os monotrilhos – para o mundo”, disse à fonte da Bombardier à DINHEIRO.

 

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Fábrica da Bombardier, na Alemanha, semelhante a que será ativada no País

 

Os monotrilhos – parecidos com um metrô de superfície mais leve – são um meio de transporte ferroviário que desliza por vigas de concreto de cerca de 15 metros de altura, sem precisar de condutores. Ele tem um ar futurista e é parecido com um “aerotrem”. Esse tipo de veículo já faz parte da paisagem de cidades como Las Vegas, nos Estados Unidos, e Riad, na Arábia Saudita. 

 

Atualmente, tem atraído o interesse de governos pelo seu custo. Fazer uma obra deste porte é 50% mais barata do que um metrô e o tempo para concluí-la também leva a metade do tempo, de acordo com estimativas da Bombardier. A velocidade média dos trens fica entre 40 e 50 quilômetros por hora, muito próxima à do metrô.

 

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O projeto que a Bombardier vai construir em São Paulo vai ligar a Vila Prudente à Cidade Tiradentes, no extremo leste de São Paulo, em 23,8 quilômetros de linha. Por ele, devem circular 54 trens com capacidadepara transportar 48 mil passageiros por hora, nos dois sentidos. 

 

A jornada, que geralmente dura cerca de duas horas, deve ser reduzida para aproximadamente 50 minutos. O número de passageiros transportados por dia deve chegar a 500 mil. A estimativa é que o “aerotrem”, que tem três trechos, fique pronto em até cinco anos, caso não ocorra atrasos. Não é o caso desse projeto, prometido para a população desde 1997, quando Celso Pitta assumiu a prefeitura de São Paulo. Será que agora ele sai do papel?

 

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Enviado de Berlim