Polêmico e genial, o produtor italiano Gianfranco Soldera faleceu neste final de semana. Aos 82 anos, ele teve um ataque cardíaco enquanto dirigia na estrada municipal Santa Restituta, em Montalcino, Itália. Considerado um dos melhores produtores de Brunello di Montalcino, Soldera era um purista, seguidor das práticas de cultivo natural, sem químicos ou grandes tecnologias (seu vinho amadurece em grandes tóneis de carvalho da Eslavônia, sem controle de temperatura, por exemplo), e amante da uva sangiovese.

Ao longo de quase 50 anos de viticultura, ele conquistou reconhecimento e uma legião de fãs. Soldera chegou à Toscana em 1972, quando comprou a fazenda Case Basse, uma propriedade com 23 hectares, atualmente 6,5 hectares deles cultivados com vinhas. Dois episódios são marcantes na sua história. Primeiro, ele foi um dos maiores críticos ao plantio de outras uvas, que não a sangiovese, na região. Em 2008, em um escândalo batizado de Brunellogate, foi descoberto que produtores mesclavam à potente cabernetsauvignon com a sangiovese na elaboração de seus brunellos.

O segundo episódio ocorreu em 2012. Um ex-funcionário entrou na vinícola em uma noite de domingo e abriu as tampas das barricas que guardavam as safras de 2007 a 2012 dos vinhedos. Ao todo, foram para o ralo 626 hectolitros de vinho.

Faleceu neste final de semana.