Por Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) -Uma chuva forte atingiu Petrópolis na tarde desta quinta-feira, provocando novos deslizamentos de terra e inundações que prejudicaram os trabalhos de buscas por vítimas soterradas devido a um temporal que atingiu a cidade da Região Serrana do Rio de Janeiro na terça-feira, deixando ao menos 117 mortos.

O número de óbitos ainda deve aumentar, de acordo com as autoridades, pois, embora o número de desaparecidos seja desconhecido, ainda há muitas pessoas procurando parentes e amigos em vários pontos da cidade.

Segundo as autoridades, ao menos 13 crianças estão entre as vítimas.

Um caminhão frigorífico está sendo usado pelo Instituto Médico Legal (IML) para armazenar a grande quantidade de corpos resgatados, e os primeiros corpos já identificados começaram a ser liberados nesta quinta para velório e sepultamento.

O temporal que se abateu sobre a cidade na tarde de terça provocou alagamentos, deslizamentos de terra e deixou um rastro de devastação, com casas destruídas e ruas cobertas de lama após as águas das chuvas baixarem. Choveu em algumas horas o volume esperado para todo mês de fevereiro.

As equipes de resgate do Corpo de Bombeiros, da Defesa Civil e da prefeitura trabalham intensamente na busca por sobreviventes. Mais de 500 integrantes das equipes de resgate trabalham nas operações de busca e salvamento na região, mas familiares cobram uma presença maior.

“Tem ao menos seis crianças aqui e pode ter mais dos vizinhos. Estamos calculando mais de 10 pessoas soterradas aqui e a gente precisa de ajuda, mas os bombeiros não estão aqui“, disse Fábio Soares, morador do Morro da Oficina, um dos locais mais afetados.

Nesta quinta, a chuva forte voltou a atingir a cidade e foram registrados escorregamentos de terra, inundações e fechamento de vias. A previsão é de chuva moderada a forte até domingo.

A lama e os escombros de casas ainda são marcas da cidade castigada pela chuva mais intensa desde 1932. A prefeitura precisou retirar das ruas e rebocar mais de 100 veículos arrastados pela água da chuva para desbloquear vias. A circulação dos transportes públicos foi parcialmente retomada nesta quinta. Ainda há muitos veículos abandonados e destruídos em diversos pontos da cidade. A energia elétrica ainda não havia sido completamente restabelecida.

A tragédia em Petrópolis gerou mobilização dos governos municipal, federal e estadual, e o presidente Jair Bolsonaro prometeu ajuda à região e disse que visitará as áreas afetadas na sexta-feira, ao retornar de uma viagem internacional à Rússia e à Hungria.

O governo federal autorizou nesta quinta o primeiro repasse de recursos, num total de mais de 2,3 milhões de reais, para assistência à população afetada e início dos serviços de limpeza urbana. Os recursos foram empenhados e repassados ao município por meio do Ministério do Desenvolvimento Regional em duas portarias publicadas em edição extra do Diário Oficial.

Desde o final do ano passado, Estados brasileiros sofreram com desastres causados pelas chuvas, que provocaram devastação e morte na Bahia, Minas Gerais e São Paulo.

“Temos olhado com preocupação esses acumulados de precipitação que vêm desde outubro do ano passado aqui no Brasil em diversas regiões. Esse cenário mostra que a gente vive um cenário de emergência climática. As pautas climática e ambiental precisam ser inseridas com muita eficiência”, disse Rodrigo Jesus, porta-voz de Clima e Justiça do Greenpeace Brasil.

(Edição de Pedro Fonseca)

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