O número de focos de incêndio no Estado de São Paulo mais que dobrou entre 1º de janeiro e esta quarta-feira, 15 de setembro, na comparação com o mesmo período do ano passado. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o acumulado de focos em 2020 é de 4.293, ante 2.080 no intervalo equivalente do ano passado – uma alta de 106%.

A situação mais preocupante no momento é no município de Águas da Prata, a 238 km da capital paulista, onde um incêndio em área de florestas que começou há uma semana segue sem controle, segundo informações do Corpo de Bombeiros. Uma área de 20 hectares já foi destruída. O combate às chamas é feito com abafadores e com a utilização de aeronaves na região, que é de difícil acesso. Na semana passada, o governo paulista anunciou um reforço para o combate às chamas.

Uma equipe de 47 pessoas – bombeiros, voluntários e funcionários da prefeitura – tenta debelar o fogo. A reportagem não conseguiu contato com o Parque Estadual de Águas da Prata, que tem área de aproximadamente 50 hectares e fica próximo à região atingida pelo fogo. A vegetação de Mata Atlântica é a que predomina no município.

O crescimento percentual de focos identificados pelo Inpe em São Paulo é de longe o maior no País para o período. Em segundo lugar, Mato Grosso, com 44%. Na sequência, Santa Catarina, que registrou alta de 43%.

Em São Paulo há preocupação ainda em relação ao Vale do Paraíba, onde os focos saltaram de 82 entre janeiro e 15 de setembro do ano passado para 233 no mesmo período de 2020, uma alta de 184%. A situação chegou a ser considerada crítica também em São João da Boa Vista, cidade vizinha a Águas do Prata. No município, foram destruídos 500 hectares de mata, conforme o Corpo de Bombeiros.

O capitão André Elias dos Santos, do Corpo de Bombeiros de São Paulo, afirma ser necessário evitar queimadas, sobretudo nesta época do ano, em que as chuvas são escassas. “É preciso evitar queimadas, soltar balões, fazer fogueiras. Nesse período, qualquer centelha é o suficiente para provocar um incêndio florestal”, afirma.

A Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente (Sima) de São Paulo afirmou manter ininterruptamente a operação Corta-Fogo que, conforme a pasta, atua na prevenção, monitoramento e combate aos incêndios florestais em todo o Estado. A secretaria afirma, ainda, que entre janeiro e setembro deste ano a Coordenadoria de Fiscalização e Biodiversidade (CFB) aplicou 514 multas por queimadas, ante 449 no mesmo período de 2019.

“O Estado de São Paulo está no período de estiagem, com altas temperaturas e baixa umidade relativa do ar. Em São João da Boa Vista, por exemplo, local onde houve um grande incêndio florestal. o último registro de chuva significativa ocorreu em junho”, aponta a secretaria, em nota. E pede a colaboração da população. “Deve-se evitar colocar fogo em lixo ou às margens das estradas, atirar bitucas de cigarro nas rodovias, entre outras medidas”, afirma o texto.

Em relação a investimentos, o governo estadual diz que em 2020, pela primeira vez, a Sima investiu R$ 6 milhões da Câmara de Compensação em atividades preventivas. Desde o ano passado, ainda segundo a secretaria, equipes de fiscalização e da Polícia Militar Ambiental do Estado receberam mais de 150 viaturas, 18 drones e quase 300 tablets para uso em serviço.