O Azerbaijão e a Armênia voltaram a trocar tiros de artilharia nesta segunda-feira (13) pelo segundo dia consecutivo, o que provocou quatro mortes do lado azerbaijano.

A Rússia, principal potência da região, considerou “inaceitável qualquer nova escalada que ameace a segurança regional” no Cáucaso e pediu aos beligerantes “contenção”, segundo o ministério das Relações Exteriores russo.

Três soldados do Azerbaijão foram mortos no domingo e um quarto nesta segunda-feira na região de Tavuch, na fronteira entre as duas antigas repúblicas soviéticas, de acordo com o ministério da Defesa do Azerbaijão, que também anunciou um ataque em resposta que destruiu um posto militar avançado armênio.

O ministério da Defesa da Armênia afirmou que o lado azerbaijano retomou na manhã desta segunda-feira os disparos de morteiros contra posições armênias, após os primeiros confrontos da artilharia interpostos no dia e na noite anterior. Ele não mencionou vítimas.

Yerevan e Baku se acusam mutuamente de terem iniciado essas hostilidades.

“As autoridades políticas e militares da Armênia têm total responsabilidade por essas provocações”, disse o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev.

O primeiro-ministro armênio, Nikol Pachinian, declarou, por sua vez, que “as provocações (do inimigo) não ficarão sem resposta”, e seu ministro da Defesa, David Tonoïan, alertou que suas forças estavam prontas para assumir posições no território inimigo se necessário.

Uma reunião da Organização do Tratado de Segurança Coletiva, um bloco liderado pela Rússia e ao qual a Armênia faz parte, deve discutir nesta segunda a retomada da violência entre os dois países em conflito há décadas.

A presidência do Azerbaijão acusou Yerevan no domingo de querer “envolver (esta) aliança político-militar no conflito”.

O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, expressou seu apoio ao Azerbaijão, um país aliado e de língua turca.

“O que a Armênia fez é inaceitável”, disse ele, assegurando que “o Azerbaijão não estava sozinho” com a Turquia ao seu lado.

Uma guerra aberta entre o Azerbaijão e a Armênia poderia desestabilizar toda a região do Cáucaso, onde a Rússia e a Turquia, em particular, têm interesses geo-estratégicos concorrentes.

Armênia e Azerbaijão estão em conflito desde o início dos anos 1990 pelo controle de Nagorno-Karabakh, um enclave de maioria armênia mas dependente durante a era soviética do Azerbaijão.

Este último proclamou unilateralmente sua independência em 1991, com o apoio da Armênia, iniciando uma guerra com o Azerbaijão que matou cerca de 30.000 pessoas até um cessar-fogo em 1994.

Os confrontos na região são bastante frequentes. Já os combates na fronteira entre o Azerbaijão e a Armênia são mais raros.

A recente escalada de tensões ocorre após comentários do presidente do Azerbaijão, que havia ameaçado encerrar as negociações de paz sobre Karabakh e disse que seu país tinha o direito de buscar “uma solução militar para o conflito”.