O juiz Eduardo Appio, da 13.ª Vara Federal Criminal de Curitiba, intimou para depor na próxima segunda-feira, 27, o advogado Rodrigo Tacla Duran. O depoimento será por videoconferência em uma ação penal em que Tacla Duran é réu por lavagem de dinheiro.

O processo foi aberto a partir de investigações da extinta Operação Lava Jato.

O advogado ganhou notoriedade como desafeto do ex-juiz Sérgio Moro, que conduziu a Lava Jato entre 2014 e 2018, ano em que deixou a toga e aceitou convite do então presidente eleito Jair Bolsonaro (PL) para assumir o Ministério da Justiça.

No auge da Lava Jato, Moro decretou a prisão de Tacla Duran, acusado pela força-tarefa do Ministério Público Federal de usar empresas no Brasil e no exterior para lavar propinas supostamente pagas pela UTC Engenharia e pela Odebrecht a agentes públicos em troca de contratos com a Petrobras.

Em reação, o advogado acusou publicamente Moro por suposta negociação de vantagens em delações premiadas no âmbito da operação.

Na semana passada, Eduardo Appio, novo juiz da Lava Jato, derrubou o mandado de prisão preventiva contra Tacla Duran que havia sido decretado pelo hoje senador Moro (União Brasil-PR), em 2016.

O advogado vive na Espanha e chegou a ser colocado na lista de foragidos da Interpol, mas nunca foi preso.

O argumento de Appio para derrubar o decreto de prisão foi o de que Tacla Duran tem direito a aguardar a conclusão do processo em liberdade.

“O cidadão Tacla Duran, como qualquer outra pessoa, merece e tem o direito constitucional de receber do Estado brasileiro uma jurisdição serena apolítica e republicana, na qual os dois pilares fundamentais são a certeza do conteúdo da acusação (para que possa se defender), bem como plena isenção dos agentes de Estado (juízes, procuradores, policiais e demais protagonistas)”, escreveu Eduardo Appio.

O juiz assume a alcunha de ‘garantista’ e já declarou publicamente, em entrevistas e publicações, que se opõe aos métodos da antiga Lava Jato.