Todos os problemas que os grupos Espírito Santo e Caixa Geral de Depósitos tiveram em suas principais aventuras no País, os recém-vendidos Boavista e Bandeirantes, não afugentaram os banqueiros portugueses. O Espírito Santo já esqueceu a parceria com o grupo Monteiro Aranha e está com tudo pronto para pôr na rua o seu mais recente projeto brasileiro. A nova instituição será um banco de investimentos, já autorizado pelo Banco Central, e dessa vez vai ostentar o nome do próprio grupo. A insistência não é exclusividade dos ex-sócios do Boavista. A Caixa Geral manteve seu pé no País ao conseguir um departamento somente para os negócios portugueses dentro do Unibanco. A mesma motivação move os dois grupos: o Brasil é uma operação absolutamente indispensável para instituições portuguesas que tenham a pretensão de se internacionalizar.

O caso do Espírito Santo é exatamente esse. O banco é o mais global dos grupos da terrinha, com presença direta em mercados como a Suíça e a Flórida, e, por isso, não pode deixar de ter na carteira operações no Brasil para oferecer a seus clientes. A primeira investida foi feita por meio do antigo Interatlântico, em sociedade com Monteiro Aranha e o francês Crédit Agricole, que era bem-sucedido como banco de negócios. O fracasso posterior da aposta no Boavista, porém, foi um golpe duro. Na venda do banco para o Bradesco, o Espírito Santo entregou também o negócio de gestão de recursos de terceiros, parte central de suas operações em Portugal. O novo banco de investimento, que deverá ser anunciado oficialmente em agosto, não terá como fechar essa lacuna de imediato. Mas permitirá ao Espírito Santo retomar negócios que fazia na época do Interatlântico.

Enquanto os dois primos ricos ainda ensaiam seus novos passos, as cores lusitanas no sistema financeiro brasileiro são representadas por um único banco: o pequeno Banif, originário dos Açores e Ilha da Madeira, controlador no Brasil do também nanico Banif Primus. Quinto no ranking português, o Banif é lá o maior entre os menores. A megalomania, por isso, passou longe dos projetos no Brasil. ?Quem tenta ser grande à força sempre perde?, resume o administrador da holding Banif, Artur Fernandes. No lugar de se aventurar no varejo, o banco negocia a compra de uma seguradora no País e monta um site na Internet para distribuir seus produtos.