A ideia de que a Lua tinha um campo magnético baseou-se em dados registados durante a década de 1970. A análise das amostras trazidas pelas missões Apollo indicou que havia magnetização, um fenômeno que se acreditava ser causado pela presença de uma geodinâmica no núcleo da Lua.

No entanto, sabe-se que o núcleo da Lua é particularmente pequeno, por isso era difícil garantir que a causa do magnetismo fosse essa, acrescentando-se o fato de as análises anteriores não terem sido feitas com o aquecimento das amostras, a técnica que regista com maior precisão a existência ou não de um campo magnético.

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No estudo publicado agora no jornal Science Advances, uma equipe de pesquisadores da Universidade de Rochester usou lasers de CO2 para aquecer as amostras lunares por um curto período de tempo, um método que lhes permitiu evitar a alteração das mesmas. Recorreram depois a magnetômetros para medir com maior precisão os sinais magnéticos das amostras.

As conclusões tiradas apontam para que a magnetização apresentada seja o resultado do impacto de objetos espaciais, como meteoritos, e não o resultado da presença de um escudo magnético. Existem amostras com potencial para apresentar uma forte magnetização na presença de um campo magnético, mas não têm magnetização, indicando que a Lua nunca teve um escudo magnético prolongado.

Põe-se a hipótese de o satélite natural da Terra ter tido um campo magnético durante os primeiros 100 milhões de anos depois da sua formação, mas não há forma de comprovar a teoria, uma vez que não existem restos de rochas assim tão antigas em solo lunar.

A falta de um escudo magnético pode significar que há uma abundância de elementos na Lua, já que mais vento solar alcança a superfície do satélite natural e, consequentemente, mais materiais como carbono, hidrogénio ou hélio 3, materiais que podem ser melhor analisados com os dados futuramente reunidos pela missão Artemis, por exemplo.